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30/09/2019 A Fundação Cesgranrio acaba de divulgar os finalistas da 4ª edição do Prêmio Rio de Literatura. Entre as obras indicadas este ano, três títulos da Editora 34 concorrem à láurea: Copacabana: A trajetória do samba-canção (1929-1958), de Zuza Homem de Mello (categoria Ensaio); Bigornas, de Yasmin Nigri (categoria Poesia), e carvão : : capim, de Guilherme Gontijo Flores (categoria Poesia). Copacabana: a trajetória do samba-canção (1929-1958) Zuza Homem de Mello Coedição com Edições Sesc Novo livro de Zuza Homem de Mello, fruto de mais de dez anos de pesquisas, Copacabana documenta a história completa de um dos gêneros mais importantes da nossa música: o samba-canção. Desde seu surgimento no teatro de revista, com o sucesso da gravação de "Linda flor", por Aracy Cortes, em 1929, até o advento da bossa nova em 1958, o samba-canção foi um dos gêneros preferidos de compositores da estirpe de Ary Barroso, Caymmi, Cartola, Lupicínio, Tom Jobim e até mesmo Noel Rosa, cuja obra, como demonstra Zuza, inclui várias composições que na verdade já eram legítimos sambas-canção. Com seu cativante ritmo, propício para se dançar colado ao parceiro, e sua temática romântica, ele invadiu a noite carioca e conquistou o país nas vozes de intérpretes como Linda Batista, Dick Farney, Dalva de Oliveira, Nora Ney, Elizeth Cardoso, Dolores Duran e Maysa - as duas últimas também excelentes compositoras. Ao mesmo tempo que o samba-canção cultivava harmonias mais sofisticadas e modulações, que abriram caminho para a bossa nova, ele tinha também uma vertente extremamente popular, com campeões de vendas como Angela Maria, Nelson Gonçalves e Cauby Peixoto. Estudo amplo, profundo e fartamente ilustrado, este livro tem mais uma qualidade essencial: ele nos faz reviver uma época áurea do Rio de Janeiro, guiados pelo texto vibrante e caloroso do autor, um dos maiores conhecedores de música em nosso país. Bigornas Yasmin Nigri Livro de estreia da carioca Yasmin Nigri, Bigornas é um trabalho surpreendentemente sólido. Mais que uma simples coletânea de poemas, o livro é construído sobre a ideia de formação poética e tangencia questões como solidão, violência e fracasso. Dividido em quatro partes, reúne desde alguns de seus primeiros poemas, mais distendidos e bem-humorados (Rua de Ontem), passando por uma série dedicada a artistas que influenciam seu olhar (Recibos) e por um romance entre mulheres (Mulher Malevich), até os da última parte (Bigornas), cuja concisão e densidade lhes atribui a eficácia dos golpes bem-assestados. carvão : : capim Guilherme Gontijo Flores Vida e morte pulsam neste livro com igual intensidade, tal como pulsam dentro de nós. Nesta quinta coletânea poética de Guilherme Gontijo Flores, carvão : : capim, esses dois elementos quase contraditórios funcionam, conjuntamente, como um símbolo do ciclo da vida. Dividido em quatro partes, articuladas por dois poemas centrais que reinventam o famoso quadrado mágico poético "Sator/Rotas", o livro parte de uma "Petrografia esparsa", com poemas de cunho social, aludindo às tantas mortes que marcaram e continuam a marcar o solo da nossa história. Em seguida, "História dos animais" propõe uma zoopoética que não deixa de enxergar a beleza da morte iluminada, por exemplo, numa pedra de âmbar. Já "Quatro cantatas fúnebres" traz, entre outros, poemas dedicados à guerrilheira Dinalva Oliveira e ao poeta e revolucionário salvadorenho Roque Dalton, ambos assassinados por motivos políticos. É sobre esse chão de morte que o livro grassa, indo e voltando sempre ao tema da morte, para desaguar na parte final, "Lo ferm voler" (referência a um verso do trovador provençal Arnaut Daniel), onde o impulso lírico-amoroso vem reafirmar a vida, o viço e a vontade: "Como quem vê no céu/ que estrelas faltam/ achar em cada falta/ seu desejo/ & assim deliberadamente/ desastrá-lo".
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