Elisa Bracher
Fábio Valentim
Rodrigo Naves
208 p. - 27 x 23 cm
ISBN 978-85-7326-408-1
2008
- 1º edição
O livro A cidade e suas margens apresenta dois ensaios fotográficos da escultora e gravadora Elisa Bracher, reunindo cerca de 120 imagens.
O primeiro, realizado em 2007 na Favela da Linha, na zona oeste de São Paulo, é fruto em parte do longo convívio da artista com este espaço e seus moradores - muitos deles frequentadores do Ateliê Acaia, do qual a artista é diretora. Mas é fruto também de um olhar inesperado, que soube apreender no vazio abarrotado, no desencontro brusco de uma folha de compensado, fios de arame, chapas de plástico, grades, tijolos, tábuas, e em sua organização sempre precária, ditada pela urgência, um vínculo intenso - aquilo que a artista define como um "desejo de mundo".
Foi um desejo de natureza semelhante que conduziu a artista a seu segundo trabalho reproduzido no livro: o ensaio "Locais de origem". A partir de informações bastante imprecisas, a artista se dispôs a fotografar rastros, laços, referências dos lugares de origem daqueles moradores cujas moradias ela havia registrado na Favela da Linha, o que a levou a uma viagem por sete estados do Nordeste brasileiro.
O contraponto entre o primeiro e o segundo conjunto de trabalhos abre necessariamente um espaço para reflexão que os textos reunidos neste livro não hesitam em explorar. Em "Fotografia de um não-lugar", o arquiteto Fábio Valentim repassa, à luz do trabalho de Elisa, questões candentes da arte, da arquitetura e do urbanismo contemporâneos. Em "Os pobres, a fotografia e seus (bons) limites", Rodrigo Naves, sem traçar juízos de valor, situa a singularidade da fotografia de Elisa e - por meio de paralelos com as fotos de Anna Mariani, por um lado, e com obras de Hélio Oiticica, por outro - pontua, não apenas na história brasileira, um campo de tensões que dizem respeito à arte, à experiência social e às controversas relações entre elas.
Sobre a autora
Elisa Bracher (São Paulo, 1965), conhecida por suas grandes esculturas de madeira, espalhadas por vários espaços públicos, possui uma produção artística que permeia quatro meios distintos - desenho, gravura, escultura e fotografia - que não acontecem de maneira independente, estando interligados em sua poética. Sua formação em artes plásticas deu-se na Fundação Armando Álvares Penteado (1989), sendo complementada por um curso de gravura em metal com Evandro Carlos Jardim. Sua carreira despontou, inicialmente, no campo da gravura, meio pelo qual foi premiada em diferentes momentos. No início dos anos 1990, envereda também pelo campo da escultura e passa a experimentar a arte com diversos materiais, em especial a madeira. Em 2009, a artista toma partido da condição plástica dos materiais, característica percebida com clareza em seu trabalho realizado em adobe (taipa de pilão) e empregada, pela primeira vez, na exposição Experimentando Espaços, no Museu da Casa Brasileira. Em função do caráter monumental e ambiental de suas peças, possui um número considerável de trabalhos espalhados por espaços públicos, como também, nas mais diversas instituições de arte.
Elisa é fundadora e diretora do Instituto Acaia, uma organização não governamental criada em 1997, que recebe crianças e adolescentes de 4 a 18 anos, moradores dos arredores do CEAGESP, participantes de diversas oficinas: linguagem oral e escrita, artes, música, letramento digital, marcenaria, biblioteca, vídeo, oficina do sentimento, capoeira, dança, costura e bordado, culinária, xilogravura e tipografia.
Veja também
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