O Cancioneiro das Baldaias: sete sonetos jocosos e uma balada — Salvador, Bahia (1592)
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Bartolomeu Fragoso
Chão Editora
168 p. - 15 x 21 cm
ISBN 978-65-80341-40-5
2025
- 1ª edição
Em janeiro de 1592, os papéis do jovem poeta Bartolomeu Fragoso, nascido em Lisboa e criado em Salvador, foram sequestrados pela Inquisição portuguesa de sua escrivaninha no Engenho da Cidade, onde ele morava. Entre esses papeis estava o manuscrito de um livro inédito, a que a pesquisadora Sheila Hue, que o encontrou nos arquivos da Torre do Tombo, em Lisboa, intitulou O Cancioneiro das Baldaias.
O pequeno volume encadernado é o primeiro livro conhecido de poesia profana escrito no Brasil de que temos notícia. Costurado juntamente com o processo inquisitorial de Fragoso, trata-se de um raríssimo espécime bibliográfico. Fruto da vida boêmia na cidade e destinado ao entretenimento, o panfleto provavelmente circulou em Salvador em cópias manuscritas.
Mestre do humor, da sátira e do duplo sentido, Fragoso dedica-se a cantar duas irmãs portuguesas Beatriz e Magdalena Correa, cortesãs que participam do jogo amoroso encenado nos poemas. A pequena obra é composta de uma seção inicial de sete sonetos jocosos, seguida de uma balada, também cômica.
Tendo vivido grande parte de sua vida no Brasil, o autor transforma a tradição poética europeia a partir de sua vivência na Bahia açucareira e mescla vetustas metáforas petrarquistas à experiência colonial de chupar cana, por exemplo, de forma que sua amada é “fresca mais que cana”, em vez de mais branca que a neve.
Preso juntamente com seus papeis, ao final do processo inquisitorial Bartolomeu Fragoso foi degredado para sempre da capitania da Bahia. Banido da cidade no auge de sua produção, não deixa traços que possamos recuperar. Mas com seu pequeno livro, milagrosamente preservado, nos dá uma pista de um mundo de músicos, leitoras e leitores, livros proibidos, bibliotecas particulares, poetas, mercadores, administradores da Coroa, todos envolvidos na vida cultural de Salvador na última década do século xvi.
É esse mundo que Sheila Hue revela em suas pesquisas e apresenta ao leitor contemporâneo. Em seu posfácio e notas, explica as referências históricas e literárias, assim como os mecanismos da poesia paródica presentes no Cancioneiro.
Sobre o autor
Poeta nascido provavelmente em Lisboa em meados da década de 1560, radicou-se em Salvador, na Bahia, onde se licenciou em artes no Colégio dos Jesuítas da Bahia. Foi preso e julgado pelo Santo Ofício da Inquisição em 1592. O Cancioneiro das Baldaias, obra manuscrita, é seu único livro conhecido.
Sobre a organizadora
Sheila Hue é professora do Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Suas principais áreas de pesquisa são os discursos quinhentistas sobre o Brasil e os estudos camonianos.
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