Cartas da África:
registro de correspondência, 1891-1893
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André Rebouças
Chão Editora
464 p. - 15 x 21 cm
ISBN 978-65-80341-09-2
2022
- 1ª edição
O engenheiro André Rebouças é um dos mais importantes intelectuais negros do século XIX. Foi parte da vanguarda do movimento abolicionista junto a outros ativistas negros e livres, e figura de ligação do movimento social com o mundo político oficial. Liberal monarquista, notabilizou-se na defesa de projetos para a modernização do país, entre os quais se incluíam a abolição da escravidão sem indenização aos “proprietários” dos escravizados, o estímulo à imigração, o acesso à terra pelos recém-libertos e a democratização da propriedade fundiária.
Durante quase toda sua vida adulta, Rebouças manteve um diário. Quando deixou o Brasil após a queda da Monarquia, passou também a transcrever as cartas que escrevia no exílio. Poucas dessas cartas foram publicadas em livro, junto a edições de parte dos diários.
Entre 1891 e 1893, André Rebouças realizou uma surpreendente viagem de circum-navegação da África. Nesse período, copiou a mão, em seus cadernos de correspondência, 193 cartas que teriam sido enviadas a 26 correspondentes. José Carlos Rodrigues, então proprietário do Jornal do Commercio, Alfredo Taunay, Joaquim Nabuco e o próprio imperador estão entre seus interlocutores.
As cartas reunidas em Cartas da África: registro de correspondência, 1891-1893 iluminam a leitura que Rebouças faz de acontecimentos políticos no Brasil e na África — da campanha abolicionista e do golpe militar que levou à proclamação da República aos embates ocorridos no período e à tumultuada conjuntura da expansão europeia na África austral. Permitem acompanhar o sofisticado pensamento racial do autor, levando a um público mais amplo a importante discussão sobre silêncio e racismo institucional no Brasil.
Sobre o autor
André Pinto Rebouças nasceu em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, em 13 de janeiro de 1838. Filho do conselheiro Antônio Pereira Rebouças e de Carolina Pinto Rebouças, foi um dos mais destacados intelectuais negros de sua época e grande articulador do movimento abolicionista brasileiro. Estudou engenharia no Rio de Janeiro e na Europa, tendo sido responsável, com seu irmão Antônio, por obras de vulto durante o Segundo Reinado. Voluntário na Guerra do Paraguai e monarquista, exilou-se na Europa junto com a família imperial depois do golpe militar que, em 15 de novembro de 1889, instituiu a República no Brasil. Nos últimos anos de vida dedicou-se a projetos de engenharia na África. Morreu em Funchal, na ilha da Madeira, em 1898.
Sobre a organizadora
Hebe Mattos é professora titular livre na Universidade Federal de Juiz de Fora, com atuação no programa de pós-graduação em história dessa universidade e da Universidade Federal Fluminense. É autora, entre outros livros, de Ao sul da história: lavradores pobres na crise do trabalho escravo, Das cores do silêncio: os significados da liberdade no Sudeste escravista, Escravidão e cidadania no Brasil monárquico, e codiretora do documentário Passados presentes: memória negra no sul fluminense.
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