As formas do visível
Uma antropologia da figuração
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Philippe Descola
Projeto gráfico de Raul Loureiro
768 p. - 22.5 x 15.5 cm
ISBN 978-65-5525-162-3
2023
- 1ª edição
Uma máscara yup’ik do Alasca, uma pintura aborígene em casca de árvore, uma paisagem em miniatura da dinastia Song, um quadro de interior holandês do século XVII: pelo que mostra ou deixa de mostrar, uma imagem revela sempre um esquema figurativo particular, identificável pelos meios formais que utiliza e por certa potência que ela manifesta. As imagens nos permitem acessar, às vezes mais do que as palavras, aquilo que distingue as maneiras contrastantes de viver a condição humana. Ao comparar com precisão as imagens de uma diversidade impressionante de culturas, Philippe Descola lança, neste livro magistral, as bases teóricas de uma antropologia da figuração.
A figuração não é fruto exclusivo da fantasia expressiva daqueles que se põem a produzir imagens: só figuramos o que somos capaz de detectar ou imaginar, e só imaginamos e detectamos o que o hábito nos ensinou a discernir. O caminho visual que traçamos espontaneamente em meio às dobras do mundo depende, para Descola, de nossa imersão em uma das quatro regiões do arquipélago ontológico: animismo, naturalismo, totemismo ou analogismo. Cada uma dessas regiões corresponde a uma forma de conceber a ossatura do mundo e fazer seu inventário, de perceber as suas continuidades e descontinuidades — em particular, as diversas linhas de união e de fratura entre seres humanos e não humanos.
Sobre o autor
Nascido em Paris em 1949, Philippe Descola é um dos principais antropólogos de sua geração. Formado em filosofia pela École Normale Supérieure de Saint-Cloud, fez seu doutorado em antropologia na École Pratique des Hautes Études, sob a orientação de Claude Lévi-Strauss, com uma tese baseada em seu trabalho de campo junto aos achuar da Amazônia equatoriana entre 1976 e 1979. Ensinou a partir de 1987 na École des Hautes Études en Sciences Sociales e, em 2000, foi nomeado para uma cátedra de antropologia no Collège de France. Em 2012, recebeu a medalha de ouro do Centre National de la Recherche Scientifique. Suas pesquisas investigam os modos de socialização da natureza, a formação das noções de “natureza” e “cultura” e as diferentes ontologias que daí derivam. É autor de obras como La Nature domestique (1986), Les Lances du crépuscule (1993; ed. bras.: As lanças do crepúsculo, trad. de Dorothée de Bruchard, 2006), Par-delà nature et culture (2005; ed. bras.: Para além de natureza e cultura, tradução de Andrea Daher e Luiz César de Sá), Diversité des natures, diversité des cultures (2010, publicado na coleção Fábula sob o título Outras naturezas, outras culturas, tradução de Cecília Ciscato, 2016) e La Composition des mondes (2014).
Sobre a tradutora
Nascida em São Paulo em 1968, Mônica Kalil formou-se em comunicação social pela ESPM (1989) e administração de empresas pela FGV (1991) antes de voltar-se para as letras e o mercado editorial. Mestre em estudos da tradução pela Universidade de São Paulo (2017), com uma dissertação sobre Marguerite Yourcenar, integrou também, como preparadora de texto, a equipe da Comissão da Verdade da mesma universidade (2016-2017). Entre suas traduções mais recentes, destaca-se Sobre a violência e sobre a violência contra as mulheres, de Jacqueline Rose (Fósforo, 2022).
Veja também
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