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Jacarandá
Romance

 

Gaël Faye

Texto de orelha de Itamar Vieira Junior

240 p. - 14 x 21 cm
ISBN 978-65-5525-247-7
2025 - 1ª edição

Jacarandá conta a história de Milan, garoto criado em um subúrbio de Paris, filho de pai francês e mãe ruandesa. Em 1994, ano do genocídio ruandês perpetrado pelos hútus contra os tútsis, Milan se depara com as imagens desse conflito exibidas pelos jornais franceses. Tempos depois, embarca numa viagem de retorno a Ruanda, buscando entender os silêncios profundos de Venancia, sua mãe, e as origens de sua família nesse país. Lá conhece Stella, filha de Eusébie, sobrevivente dos massacres. Através do seu olhar, acessa o sofrimento de um luto coletivo ainda em curso. Conhece também o ímpeto de uma sociedade que almeja se reinventar coletivamente depois da experiência do horror extremo.

Se Jacarandá é sobre a dor e as feridas abertas do genocídio ruandês, ele é também uma ode à vida. Com escrita poética e ouvidos atentos, o autor mobiliza afetos, revisita memórias, evoca gestos mínimos que sustentam a humanidade diante da catástrofe. Ao longo da narrativa, os conflitos não são apagados, tampouco resolvidos, eles ganham forma no entrelaçamento de vozes e no esforço cotidiano de reconstruir vínculos. Como a árvore que dá título ao livro, cujas raízes atravessam gerações, o romance acolhe os mortos e afirma a força de permanecer vivo num mundo cindido, que trilha com coragem os caminhos difíceis da reconciliação.

Nascido no Burundi, Gaël Faye é escritor, compositor, rapper e cantor franco-ruandês. Jacarandá, sucesso de público e crítica em diversos países, é o seu segundo romance.


Texto orelha

Em 1994, o mundo assistia, entre espanto e indiferença, às imagens do genocídio em Ruanda. A antiga rivalidade entre as etnias hútus e tútsis, alimentada pelo colonialismo europeu durante a ocupação do território ruandês, se desdobrou em um massacre sem precedentes dos tútsis, culminando na morte de centenas de milhares de pessoas em alguns poucos meses. Esse evento marca as primeiras páginas de Jacarandá, segundo romance de Gaël Faye.


Milan, um adolescente que mora na França, acompanha pela televisão as notícias do massacre em curso. Filho de um francês e de uma mulher ruandesa, ele quer compreender as raízes do mal que assola o país de sua mãe — um lugar desconhecido sobre o qual nunca conversaram. Sua curiosidade esbarra no silêncio duradouro de Venancia, sua mãe, e na sua recusa obstinada em falar do passado. Até que a família precisa hospedar Claude, sobrinho de Venancia e sobrevivente da guerra civil de Ruanda. Ele não é capaz de se comunicar em francês e carrega no corpo as marcas da violência atroz a que resistiu. Apesar do choque cultural inicial, uma forte amizade surge entre os dois garotos, mas logo é interrompida pelo retorno repentino de Claude para seu país.


Após um hiato de quatro anos, mãe e filho viajam para sua terra natal, agora em reconstrução. Lá chegando, precisam lidar com as consequências de uma ferida aberta. Nesse contexto, Milan conhecerá pouco a pouco a história da sua linhagem materna no escopo de uma memória coletiva, compartilhada por tútsis, hútus e outros grupos étnicos. Na casa de tia Eusébie e, em particular, na afinidade que estabelece com a pequena Stella, Milan se ocupa do seu direito à memória enquanto conhece o passado da família em meio às transformações da sociedade ruandesa a caminho de uma frágil reconciliação, necessária para a estabilidade do país.


Não por mero acaso, o título do romance é o nome de uma árvore: uma das frases de comando para o genocídio era “cortar as árvores altas”, em referência à estatura dos tútsis, abatidos com facões, machados e outras armas. À sombra de um jacarandá crescendo no jardim da casa da família, e por meio do qual Stella diz se comunicar com a bisavó, Milan organiza relatos e a experiência cotidiana de reconstrução de Ruanda em sua busca por justiça e reparação nas últimas três décadas. Faye nos oferta um poderoso romance, que começa com notícias de um brutal processo de desumanização, mas que, ao longo de suas páginas, nos comove por sua força e sensibilidade, além de nos devolver à nossa própria humanidade.


A árvore, em muitas culturas africanas, simboliza o tempo e a ancestralidade. Jacarandá nos lembra que após uma guerra sempre haverá um esforço para reconstruir o que foi destruído; seja na escala de um país ou no coração de um único ser humano.


Itamar Vieira Junior


Sobre o autor

Nascido no Burundi em 1982, Gaël Faye é escritor, compositor, rapper e cantor franco-ruandês. Filho de pai francês e mãe ruandesa, refugiou-se na França em 1994 com a irmã, escapando da guerra civil que devastou seu país. Em Paris, durante a adolescência, descobriu o rap e o hip-hop, estilos que marcariam sua trajetória artística. Formou-se em Finanças e trabalhou em Londres antes de abandonar o mercado financeiro, em 2008, para dedicar-se integralmente à música. No mesmo ano, fundou o grupo de rap Milk Coffee & Sugar e, mais tarde, gravou seu primeiro álbum solo, incluindo canções como “Petit pays”, que homenageia o Burundi e evoca a experiência do exílio na França. Essa música inspirou seu primeiro romance, Petit pays (2016), vencedor do Prix Goncourt des Lycéens, publicado no Brasil como Pequeno país. Seguiram-se obras como L’ennui des après-midi sans fin (2022), evocação poética da infância do autor no Burundi, e, em 2024, Jacaranda, seu segundo romance. Aclamado com o Prix Renaudot, o livro aborda as consequências do genocídio de 1994 em Ruanda, entrelaçando memórias pessoais e coletivas por meio dos percursos de Milan e Stella, personagens marcados por silêncios, perdas e tentativas de reconciliação. Dois anos antes, Gaël Faye já havia lançado um EP intitulado Mauve Jacaranda que incluía a canção “Butare”, nome da cidade ruandesa onde morou a sua avó materna. Desde 2015, Faye vive em Kigali, onde segue desenvolvendo seus projetos artísticos e literários.



Sobre os tradutores

Nascida em São Paulo, em 1986, Mirella do Carmo Botaro reside atualmente em Paris, onde desenvolve atividades de pesquisa, ensino e tradução. É doutora em Estudos Brasileiros, Portugueses e Africanos Lusófonos pela Sorbonne Université. Vencedora do prêmio de tese GIS Études Africaines en France/CNRS e de uma menção honrosa do prêmio de tese da associação de Brasilianistas da Europa (ABRE), sua pesquisa aborda as relações literárias entre a África e o Brasil sob a perspectiva da tradução. Traduziu no Brasil, entre outras obras, Pelourinho, de Tierno Monénembo.


Nascida em João Pessoa, em 1987, Raquel Camargo é tradutora, editora e pesquisadora. É doutora em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), com estágio doutoral na Sorbonne Université. Em sua tese, dedicou-se ao estudo de transferências linguístico-culturais que permeiam a atividade tradutória, com foco no romance Là où les tigres sont chez eux, de Jean-Marie Blas de Roblès. Como tradutora, trabalha prioritariamente com literatura africana francófona e literatura contemporânea francesa, tendo traduzido, no Brasil, autores como Patrick Chamoiseau, Gaël Faye, Abdellah Taïa, Scholastique Mukasonga, David Diop, Françoise Vergès, Monique Wittig e Pauline Delabroy-Allard, entre outros.



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