Ivan Turguêniev
Posfácio e notas de Fátima Bianchi
208 p. - 14 x 21 cm
ISBN 978-85-7326-501-9
2012
- 1ª edição
Edição conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Dono de um estilo refinado, a que esta bela tradução de Fátima Bianchi faz plena justiça, Ivan Turguêniev (1818-1883) foi o primeiro autor russo a se consagrar no Ocidente e um dos maiores expoentes da literatura de seu país. Grandes escritores como Joseph Conrad e Henry James consideravam-no mesmo superior a Tolstói e Dostoiévski.
Publicado em 1856, Rúdin, seu romance de estreia, foi prontamente aclamado pela crítica. Primeiro de uma sequência de romances de temática semelhante, como Ninho de fidalgos (1859) e a obra-prima Pais e filhos (1862), Turguêniev retrata aqui o "homem supérfluo", motivo central da literatura russa de então, lançando um olhar simultaneamente terno e irônico sobre a juventude de sua própria geração, que, inspirada pelos ideais democráticos que chegavam da Europa, foi tolhida pelo conservadorismo da Rússia de Nicolau I.
Embora seja o retrato de um tipo específico da Rússia do século XIX, a figura de Rúdin lembra tantos outros que, como ele, sofrem por nutrir sonhos que não conseguem transformar em realidade. Críticos já associaram o herói de Turguêniev ao atormentado Hamlet. Mas poderíamos também conceber como suas as palavras de Fernando Pessoa: "Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo".
Sobre o autor
Ivan Turguêniev nasceu em 1818, em Oriol, na Rússia. De família aristocrática, viveu até os nove anos na propriedade dos pais, Spásskoie, e em seguida estudou em Moscou e São Petersburgo. Em 1838, mudou-se para Berlim, onde frequentou cursos de filosofia, letras clássicas e história. Em 1843, conheceu o grande crítico literário Bielínski. Influenciado por suas ideias, Turguêniev começou então a publicar contos inspirados pela estética da Escola Natural, depois reunidos em Memórias de um caçador (1852), coletânea que obteve enorme sucesso na Rússia e na Europa. Na época, conheceu a cantora de ópera Pauline Viardot, casada com o diretor de teatro Louis Viardot; mais tarde, mudou-se para a casa dos Viardot em Paris. Durante sua permanência na França, tornou-se amigo de escritores como Flaubert e Zola. Nos anos 1850 escreveu diversas obras em prosa, entre elas Diário de um homem supérfluo (1850), Ássia (1858) e Ninho de fidalgos (1859). Lançou seu primeiro romance, Rúdin, em 1856. Em 1860 escreveu a novela Primeiro amor e, dois anos depois, publicou Pais e filhos (1862), romance considerado hoje um dos clássicos da literatura mundial. Abalado pela polêmica que a obra suscitou na Rússia — acusada de incitar o niilismo —, o autor se estabeleceu definitivamente na França. Consagrado como um dos maiores escritores russos, ao lado de Dostoiévski e Tolstói, e autor de vasta obra que inclui teatro, poesia, contos e romances, Ivan Turguêniev faleceu na cidade de Bougival, próxima a Paris, em 1883.
Sobre a tradutora
Fátima Bianchi é professora da área de Língua e Literatura Russa do curso de Letras da FFLCH-USP. Entre 1983 e 1985 estudou no Instituto Púchkin, em Moscou. Defendeu seu mestrado e seu doutorado na área de Teoria Literária e Literatura Comparada, também na USP. Em 2005 fez estágio na Faculdade de Filologia da Universidade Estatal de Moscou Lomonóssov. Traduziu Ássia (2002) e Rúdin (2012), de Ivan Turguêniev; Verão em Baden-Baden, de Leonid Tsípkin (2003); e Uma criatura dócil (2003), A senhoria (2006), Gente pobre (2009), Um pequeno herói (2015), Humilhados e ofendidos (2018) e Crônicas de Petersburgo (2020), de Fiódor Dostoiévski, além de diversos contos e artigos de crítica literária. Assinou também a organização e apresentação do volume Contos reunidos, de Dostoiévski (2017). É editora da RUS — Revista de Literatura e Cultura Russa, da Universidade de São Paulo, e ocupa o cargo de coordenadora regional da International Dostoevsky Society.
Veja também
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