Giacomo Leopardi
Edição bilíngue
Introdução e notas de Álvaro Antunes
384 p. - 16 x 23 cm
ISBN 978-65-5525-086-2
2021
- 1ª edição
Edição conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Se a Europa de seu tempo não lhe deu a devida atenção, as décadas seguintes se encarregaram de corrigir esse equívoco. Hoje o italiano Giacomo Leopardi (1798-1837) é amplamente reconhecido como um dos maiores poetas do Ocidente, e seus Cantos, segundo Otto Maria Carpeaux, são “a resposta moderna à Divina Comédia,”.
Nos 41 poemas desta obra incomparável, que podem ser lidos como um único canto escrito e reescrito pelo poeta entre 1816 e 1836, os aspectos mais significativos da experiência humana estão magistralmente integrados — da felicidade agônica provocada pelo amor ao sentimento áspero da natureza madrasta e da nulidade dos nossos esforços. Por mais árduo, porém, que seja o sofrimento, a poesia de Leopardi opera o milagre de transfundir o que é dor individual em comovente dor e ardor universais.
Com poemas tecnicamente impecáveis, dotados de uma densidade de sentimento e pensamento quase única na literatura dos últimos duzentos anos, poucos livros de poesia são tão diversos e simultaneamente tão coesos quanto estes Cantos de Leopardi, que vão do gesto heroico ao silêncio mais íntimo, sempre intensos, sempre límpidos. Neles até mesmo a beleza das paisagens da Itália se revela uma moldura da condição humana.
Precedida por uma luminosa introdução à vida e à obra do poeta, a tradução de Álvaro A. Antunes, publicada pela primeira vez em 1985 e revista especialmente para esta edição bilíngue, reproduz fielmente os metros e os esquemas estróficos do original enquanto acompanha de perto os movimentos da singular sintaxe leopardiana.
Sobre o autor
Giacomo Leopardi nasceu em 1798 no pequeno burgo de Recanati, região das Marcas, na província de Macerata, na Itália. Seu pai, o conde Monaldo Leopardi, reuniu em seu palácio uma biblioteca com aproximadamente vinte mil volumes. Aos dez anos de idade, Giacomo, já então um menino-prodígio, lê com avidez enciclopédica e, sem a ajuda de preceptores, domina o grego e o latim, empenha-se em trabalhos de filologia, compõe obras de erudição, diálogos filosóficos, poemas e traduções de textos clássicos. Com a saúde extremamente frágil e encerrado no palácio da família, por volta de 1815 Giacomo Leopardi começa a se corresponder com literatos de renome — como Pietro Giordani, por exemplo, que reconhece de imediato o gênio do rapaz —, e inicia as primeiras anotações de seu Zibaldone, uma miscelânea de reflexões e comentários em registros diversos. Com o sucesso de seus dois primeiros Cantos dedicados à Itália, publicados em 1818, Leopardi finalmente consegue sair da província e viajar a Roma, Milão, Bolonha (onde publica uma edição ampliada dos Cantos em 1824), Ravena, Florença e Pisa. Em Florença encontra o jovem Antonio Ranieri, que será seu amigo mais próximo nos últimos sete anos de vida. Em 1834 ambos decidem ir a Nápoles e morar numa casa emprestada nas encostas do Vesúvio. Em Nápoles publica uma versão quase completa dos Cantos em 1835, escreve os poemas “A giesta” e “O pôr da lua”, e, quase cego e praticamente inválido, vem a falecer em 1837, aos 38 anos de idade.
Sobre o tradutor
Álvaro A. Antunes Fernandes nasceu em 1953 em Além Paraíba, MG. Por quinze anos, viveu e trabalhou em São Paulo e no Rio de Janeiro na indústria informática. Nos anos 1980 foi um dos fundadores da Interior Edições, para a qual traduziu Os papéis de Aspern, de Henry James (1984), A caça ao turpente, de Lewis Carroll (1984) e os Cantos, de Leopardi (1985; nova edição revista, 2021, Prêmio APCA de Tradução). Em 1984 graduou-se em Economia no Rio de Janeiro, e depois concluiu o mestrado em inteligência artificial (1990) e o doutorado em ciência da computação (1995) em Edimburgo, na Escócia. Viveu no Reino Unido nos últimos trinta e cinco anos, onde, na área da ciência da computação, foi pesquisador na Heriot-Watt University, em Edimburgo, professor no Goldsmiths College da Universidade de Londres, e, por vinte anos, professor na Universidade de Manchester, onde se aposentou em 2018. Desde então vive em Buxton, Derbyshire, dedicando-se à tradução e aos estudos literários.
Veja também
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