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Tantra e a arte de cortar cebolas

 

Iara Biderman


120 p. - 12 x 21 cm
ISBN 978-65-5525-185-2
2024 - 1ª edição

Uma das canções mais conhecidas dos Beatles, “Eleanor Rigby”, de 1966, indaga acerca das pessoas solitárias, “Where do they all come from?” — isto é, “de onde todas elas vêm?”. Uma interrogação similar atravessa os 21 contos de Tantra e a arte de cortar cebolas, de Iara Biderman. Da mulher que na noite de Natal traz para casa um menino de rua à senhora que, no último conto, tenta voltar para um edifício que não reconhece, passando por michês, travestis, um bizarro vigia de zoológico, uma recém-casada prestes a chutar o balde, uma cleptomaníaca enfurecida e muitos outros personagens, em praticamente todas as histórias deste livro de vozes majoritariamente femininas há alguém que recusa o lugar onde está.

Com ritmo ágil e uma grande variedade de registros, Iara Biderman escreveu um livro em que a sensação de deslocamento dá a tônica e se traduz num forte impulso de cruzar fronteiras — de classe, de gênero, de sexo, de moral, de gosto e, até mesmo, de espécie.


Texto orelha

Personagens fazendo coisas. Geralmente, é essa a expectativa do leitor diante de um livro de ficção. Mas em Tantra e a arte de cortar cebolas, Iara Biderman subverte não só esse pressuposto como outros tantos, criando um conjunto de contos em tudo singular: na linguagem, nos personagens, no ritmo e na forma como as coisas conduzem as tramas, tão originais em sua simplicidade. “Joelho ralado, camiseta manchada + pirâmide de chocotones” — “banha de galinha + azeite + uma manteiga derretendo o tempo” — “tutu, sapatilhas de ponta e uma coroa de cristais da 25 de Março” — “as meias-calças eram as mais rodadas”. Vamos conhecendo esses personagens, heroicos em seu anti-heroísmo, através de metonímias, composições plásticas de uma realidade tão sórdida quanto conhecida e que a autora consegue carregar de emoção.


O leitor, quando se dá conta, está apaixonado por uma receita, pela solidão de uma senhora que chama um menino de rua para jantar ou por uma cleptomaníaca que rouba objetos de lojas de 1,99. Essas nuances, que particularizam personagens tão comuns, de repente provocam identificação: “também sou assim”, “também tenho esse lado oculto”, “conheço alguém exatamente igual”, como se os aspectos subjetivos só pudessem ser verdadeiramente reconhecidos pelos objetos que os circundam.


Sem descrições nem explicações, num ritmo que acompanha os movimentos dos personagens, seguimos seus gestos e suas ações num presente contínuo, terrível em sua banalidade e denso em sua simplicidade: “Mãe, tem gente demais, não deixa te apertarem. Fica aí com o pai, segura ele” — “Na esquina entre os peixes e as bananas — prata, ouro, cinco reais a dúzia de treze — mal dava pra ver. Ficava abaixo das outras bancas, ela ainda mais baixinha, sentada no caixote de pallets” — “Continua de gatinhas, pelada, dando um tempo para absorver o creme hidratante antes de se vestir”.


Em Tantra e a arte de cortar cebolas, o leitor não vai encontrar um livro com contos aleatórios, mas uma unidade constituída de partes que, reunidas, formam um mosaico brasileiro, passageiras e passageiros de um trem que parte da exploração cotidiana para alguns poucos instantes de plenitude. Tão passageira quanto eles.


Noemi Jaffe


Sobre a autora

Iara Biderman nasceu em São Paulo, em 1961. Formou-se em jornalismo pela PUC-SP em 1983 e, em 2011, foi pesquisadora convidada da faculdade de Jornalismo da Universidade de Cardiff, no Reino Unido. Atualmente é editora da revista Quatro Cinco Um, e trabalhou anteriormente como repórter e editora nas redações do jornal Folha de S. Paulo e do núcleo de revistas das editoras Globo e Abril, onde cobriu as áreas de comportamento, saúde, ciência, cotidiano e cultura. Crítica de dança e membro da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), foi curadora de festivais e prêmios de dança no Brasil, crítica convidada de festivais internacionais, na Itália e na Polônia, e autora de ensaios sobre dança para publicações da São Paulo Companhia de Dança, do Itaú Cultural e da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp). Tantra e a arte de cortar cebolas é seu primeiro livro de ficção.



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