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20 poemas para ler no bonde

 

Oliverio Girondo

Fotografias de Horacio Coppola
Projeto gráfico de Raul Loureiro

Edição bilíngue espanhol-português


112 p. - 15 x 22,5 cm
ISBN 978-85-7326-565-1
2014 - 1ª edição
Edição conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Personagem central das vanguardas latino-americanas, o argentino Oliverio Girondo (1891-1967) é ainda mal conhecido no Brasil. Uma injustiça, e não apenas porque Girondo é um poeta de escrita singular e saborosa, mas também porque seu percurso guarda muitos pontos em comum com o Modernismo brasileiro e seus protagonistas, em especial com Oswald de Andrade. Com esta primeira tradução integral de 20 poemas para ler no bonde, livro de estreia de Girondo, o leitor brasileiro tem a ocasião de travar contato com uma figura de proa das vanguardas na margem de lá do Rio da Prata.
Nascido em Buenos Aires, filho de pais abastados, Girondo desde cedo viveu entre a Argentina e a Europa. Vida fácil, mas não fútil, uma vez que o jovem Girondo foi estudiosamente tratando de absorver o melhor das muitas correntes poéticas e artísticas que eclodiram à altura da I Guerra Mundial. Ao sabor das andanças, leituras e epifanias, foi tomando forma o lirismo destes 20 poemas para ler no bonde, publicados na França em 1922 e na Argentina em 1925. Lirismo globe-trotter, colhido em Buenos Aires, Paris ou Rio de Janeiro - a pé ou a bordo de um bonde. Lirismo callejero, urbano, antecipando o Breton de Nadja, para quem só na rua se dão experiências dignas do nome. Lirismo de vanguarda, alegremente disposto ao gesto de rebeldia e de ruído: "nenhum preconceito mais ridículo que o preconceito do Sublime". Mas, sobretudo, lirismo inaugural: pelo desejo de começar de novo, de escrever sem o fardo do passado, pela vontade de ver o mundo a uma nova luz.
Essa soma de desejos, Girondo a perseguiria durante toda a vida, fosse nos poemas vanguardistas de Calcomanías (1925) e Espantapájaros (1932) ou nos breves membretes que estampava regularmente em Martín Fierro (1924-1927), revista de vanguarda que ajudou a fundar e publicar, fosse num livro maduro como Persuasión de los días (1942) ou na experimentação tardia e radical de En la masmédula (1954).
Essa mesma ordem de ambições animou a obra fotográfica de Horacio Coppola (1906-2012). De modo análogo a Girondo, Coppola lançou sobre seu país natal um olhar nutrido por viagens europeias, no afã de capturar a vibração da Argentina da década de 1930. Sua obra-prima, o livro Buenos Aires 1936, é fruto de uma síntese muito pessoal de vida e de geometria. Para celebrar essa convergência de espíritos, esta edição de 20 poemas para ler no bonde é ilustrada por 22 fotografias de Coppola, tiradas em Berlim, Paris, Rio de Janeiro e, é claro, Buenos Aires.


Sobre o autor
Oliverio Girondo nasceu em Buenos Aires, em 1891. Cresceu na capital argentina, mas fez parte dos estudos na Inglaterra e na França e, já estudante de Direito em Buenos Aires, viajou regularmente à Europa, onde travou contato com as vanguardas artísticas por intermédio de Jules Supervielle e Ramón Gómez de la Serna. Desses contatos e viagens nasceu o seu primeiro livro, 20 poemas para ler en el tranvia, publicado na França em 1922. De volta a Buenos Aires em 1924, participou da fundação da revista Martín Fierro (1924-1927), concebida como órgão das vanguardas em âmbito hispano-americano. Escritor consagrado, publicou diversos livros de poesia, como Calcomanías (1925), Espantapájaros (1932), Persuasión de los días (1942) e En la masmédula (1954). Debilitado por um acidente, faleceu em Buenos Aires em 1967.


Sobre os tradutores
Fabrício Corsaletti nasceu em Santo Anastácio, SP, em 1978, e desde 1997 vive em São Paulo. Em 2007 publicou o volume Estudos para o seu corpo, que reúne seus quatro primeiros livros de poesia: Movediço (2001), O sobrevivente (2003) e os então inéditos História das demolições e Estudos para o seu corpo. Também é autor dos contos de King Kong e cervejas (2008), da novela Golpe de ar (2009), dos poemas de Esquimó (2010, prêmio Bravo! 2011), Quadras paulistanas (2013) e Baladas (2016), e das crônicas de Ela me dá capim e eu zurro (2014), além dos livros infantis Zoo (2005), Zoo zureta (2010) e Zoo zoado (2014). Desde 2010 é colunista da revista sãopaulo, do jornal Folha de S. Paulo.

Samuel Titan Jr. nasceu em Belém, em 1970. Estudou Filosofia na Universidade de São Paulo, onde leciona Teoria Literária e Literatura Comparada desde 2005. Editor e tradutor, organizou com Davi Arrigucci Jr. uma antologia de Erich Auerbach (Ensaios de literatura ocidental) e assinou versões para o português de autores como Adolfo Bioy Casares (A invenção de Morel), Charles Baudelaire (O Spleen de Paris), Gustave Flaubert (Três contos, em colaboração com Milton Hatoum), Jean Giono (O homem que plantava árvores, em colaboração com Cecília Ciscato), Voltaire (Cândido ou o otimismo), Prosper Mérimée (Carmen), Eliot Weinberger (As estrelas), José Revueltas (A gaiola) e Blaise Cendrars (Diário de bordo).



Veja também
Golpe de ar
Galáxias

 


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