Linhas fundamentais da filosofia do direito
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G. W. F. Hegel
Apresentação e notas de Marcos Lutz Müller
Incluindo os adendos de Eduard Gans e Introdução de Jean-François Kervégan
736 p. - 16 x 23 cm
ISBN 978-65-5525-106-7
2022
- 1º edição
Edição conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Resultado de mais de três décadas de paciente e minucioso trabalho, a presente tradução do professor e filósofo Marcos Lutz Müller das Linhas fundamentais da filosofia do direito, de G. W. F. Hegel (1770-1831) — Grundlinien der Philosophie des Rechts, no original —, assinala um dos pontos altos dos estudos hegelianos em língua portuguesa.
Publicada há duzentos anos, a Filosofia do direito, como também é conhecida, tornou-se — segundo Jean-François Kervégan, autor do belo ensaio “A instituição da liberdade”, aqui reproduzido — uma das obras mais importantes da ciência jurídica e da teoria social e política modernas, na qual o filósofo alemão sistematiza e consuma a sua concepção do Estado como “a efetividade da vida ética” e condição imprescindível para o exercício de uma cidadania livre.
Pesquisador e intérprete agudo da obra de Hegel, Marcos Müller incorporou à sua tradução — além dos esclarecedores “adendos” de Eduard Gans, discípulo e editor oficial da obra após a morte do seu autor — mais de seiscentas notas explicativas. Estas não apenas esclarecem questões de etimologia, de contextualização histórica e de interpretação de conceitos, mas, por meio de criteriosas remissões, relacionam as principais passagens do livro ao conjunto da obra hegeliana, proporcionando uma visão surpreendentemente inovadora da dimensão sistemática e da atualidade do pensamento jurídico-político de Hegel.
Obra maior da filosofia, na qual a relação entre direito, Estado e sociedade se revela em toda a sua magnitude e complexidade, estas Linhas fundamentais da filosofia do direito alcançam o leitor brasileiro numa tradução impecável, no momento crucial em que o país luta por afirmar a relevância e o significado de suas instituições democráticas.
Sobre o autor
Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasceu em 27 de agosto de 1770, em Stuttgart, na Alemanha. Ainda na juventude se interessa por grego, latim, geometria e matemática, e faz leituras de Leibniz e Lessing. A crítica ao despotismo e ao absolutismo que emanava dos textos de Rousseau, Herder, Goethe e Schiller dá o tom de seus primeiros passos na filosofia. Em 1789, quando eclode a Revolução Francesa, Hegel tem dezoito anos e é aluno interno do instituto de teologia Tübinger Stift, onde faz amizade com Hölderlin e Schelling; ali estuda Platão, Aristóteles, o ceticismo grego e a filosofia crítica de Kant. Recém-formado, trabalha como tutor privado em Berna (1793-1796) e em Frankfurt (1797-1800). Decide então tentar a vida como professor de filosofia em Jena, onde publica seus primeiros escritos filosóficos. Em 1806 conclui a sua primeira grande obra, a Fenomenologia do espírito. Com o exército de Napoleão avançando sobre a cidade, é obrigado a recomeçar a vida, e consegue o cargo de redator-chefe do Bamberger Zeitung, importante veículo progressista da época. Entre 1808 e 1816 é professor de filosofia e reitor do Aegydianum, em Nüremberg, o primeiro ginásio público humanista da Alemanha. Trabalha nos primeiros esboços da Enciclopédia e da Filosofia do direito, e publica em 1812, 1813 e 1816 os três tomos da Ciência da lógica. Em 1816 instala-se com a família em Heidelberg e publica a Enciclopédia das ciências filosóficas (1817), em que articula seu sistema filosófico. Em 1818 assume a cátedra de filosofia da Universidade de Berlim, e em 1820 vem à luz as Linhas fundamentais da filosofia do direito, talvez sua obra mais influente. Após redigir edições ampliadas da Enciclopédia e da Ciência da lógica, vem a falecer em Berlim em 1831.
Sobre o tradutor
Marcos Lutz Müller nasceu em 1943, em Porto Alegre. Estudou em um ginásio de padres jesuítas, e em 1965 formou-se pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em filosofia e direito. Impedido de ingressar na carreira universitária por sua oposição à ditadura militar, escolhe em 1966 sair do Brasil e tentar o doutorado na Alemanha. Dirige-se inicialmente à Universidade de Freiburg, onde pretende desenvolver uma tese sobre Husserl, mas transfere-se em seguida para a Universidade de Heidelberg, onde é partícipe da efervescência intelectual que levaria a uma renovação nas pesquisas sobre Hegel e Marx. Conclui seu doutorado com a tese Sartres Theorie der Negation em 1975 e se muda com a companheira Jeanne Marie Gagnebin para Berlim, onde residem alguns anos. De volta ao Brasil em 1978, torna-se docente na Universidade Estadual de Campinas, onde permanece até 2009. Ali ministra cursos sobre O Capital e sobre a Ciência da lógica, de Hegel, entre outros temas. Após a aposentadoria na Unicamp, forma um grupo de estudos sobre o pensamento filosófico oriental, publicando artigos em revistas acadêmicas. Ainda na década de 1990 começa seu projeto mais acalentado: a tradução anotada da Filosofia do direito, de Hegel, que conclui após trinta anos, em 2020, ano de sua morte, vítima de um acidente vascular-cerebral.
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