Viagem ao redor do meu quarto
| |
Xavier de Maistre
Projeto gráfico de Raul Loureiro
Posfácio de Enrique Vila-Matas
88 p. - 15 x 22,5 cm
ISBN 978-65-5525-029-9
2020
- 1a edição
Edição conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Confinado em seu quarto após se envolver num imbroglio pré-carnavalesco (devidamente seguido de duelo), um oficial de família nobre vinga-se do aperto castrense e do despeito amoroso escrevendo um pequeno prodígio de leveza verbal e garantindo seu posto — singular, vale dizer — nas letras francesas. Parece bem contado demais para ser verdade, mas assim nasceu esta Viagem ao redor do meu quarto. Redigido na fortaleza de Turim e publicado pela primeira vez em 1795, o livrinho do tenente (e conde) Xavier de Maistre (1763-1852) é um exercício de risonha subversão de hierarquias, sejam elas militares, metafísicas ou literárias. Zombando das circunstâncias, o autor transforma os quarenta e dois dias de castigo em ponto de partida para uma paródia dos relatos de viagem, das dissertações eruditas e dos tratados de filosofia, confrontados aqui ao zigue-zague dos caprichos, ao curso errático dos pensamentos ou ainda às inclinações incontornáveis do corpo. Aos poucos, o sentimento e a fantasia vão tomando conta do cenário com uma irreverência que, sendo graciosa como só o século XVIII sabia ser, mostrou-se cheia de sugestões sediciosas para as gerações seguintes: Nietzsche foi leitor da Viagem, e Machado de Assis havia de saber o que estava fazendo quando inscreveu suas Memórias póstumas de Brás Cubas na linhagem da “forma livre de um Sterne ou de um Xavier de Maistre”.
“A Viagem ao redor do meu quarto é uma das autobiografias mais originais e atrevidas já escritas.” (Susan Sontag)
Sobre o autor
Nascido em 1763, em Chambéry, então pertencente ao reino da Sardenha, Xavier de Maistre era membro da nobreza da Saboia. Em 1781 ingressou numa carreira militar que, de início, progrediu apenas lentamente, talvez ao sabor de outros interesses, como as artes, a literatura e as ciências. Em 1794, após participar de um duelo com um oficial, o então tenente De Maistre viu-se punido com um confinamento disciplinar de 42 dias em seus cômodos em Turim, que serviu de ensejo para a Viagem ao redor do meu quarto, escrita em francês (como toda a sua obra) e publicada no ano seguinte, em Lausanne. Em dezembro de 1798, o rei Carlos Emanuel IV abdica, dissolve o exército e se refugia na Sardenha, e De Maistre, exilado, incorpora-se às forças russas em ação na Europa Ocidental. Após abandonar a carreira militar para dedicar-se à pintura, volta ao exército russo para servir no Cáucaso, onde foi ferido gravemente, e em depois na longa campanha anti-napoleônica. Em 1813, promovido a general, casou-se com Sofia Zagriatska, nobre russa ligada à corte imperial. Em 1825 publicou dois romances inspirados em suas experiências na Rússia, A jovem siberiana e Os prisioneiros do Cáucaso. No mesmo ano, publicou também uma Expedição noturna ao redor do meu quarto, cuja redação iniciara pouco depois da Viagem de 1794. Entre 1826 e 1838, viveu na Itália, em busca de um clima menos inclemente; de volta à Rússia, instalou-se com a esposa em São Petersburgo, onde viria a falecer em 1852.
Sobre a tradutora
Veresa Moraes nasceu em São Paulo, em 1976. Formou se em Publicidade e Propaganda na Universidade Mackenzie (2002) e em Letras (Francês e Português) na Universidade de São Paulo (2013), com um período de estudos na Univer¬sidade de Paris IV. Mora desde 2018 em Rennes, na França. Esta é sua primeira tradução literária.
Veja também
|