Nastassja Martin
Projeto gráfico de Raul Loureiro
112 p. - 15 x 22,5 cm
ISBN 978-65-5525-082-4
2021
- (1ª edição)
Estudiosa do Grande Norte subártico, a antropóloga francesa Nastassja Martin viaja em busca dos even – mais precisamente, de algumas famílias even que, tomando distância da vida na Rússia pós-soviética, preferem voltar a viver no coração das florestas siberianas. A rotina do trabalho de campo vai avançando como quer a disciplina etnográfica, os cadernos vão se enchendo de anotações. Mas alguma coisa mais parece estar em gestação, alguma coisa que por fim eclode na forma de um incidente — ou, quem sabe, de um encontro — entre a antropóloga e um urso. É a partir desse acontecimento inesperado e dilacerante que Martin tece a trama de escute as feras, em que a experiência vivida nutre uma reflexão vertiginosa sobre o humano e o natural, a identidade e a fronteira, o tempo do mito e a história contemporânea.
“Nesse dia 25 de agosto de 2015, o acontecimento não é: um urso ataca uma antropóloga francesa em algum lugar nas montanhas de Kamtchátka. O acontecimento é: um urso e uma mulher se encontram e as fronteiras entre os mundos implodem. Não apenas os limites físicos entre um humano e um bicho que, ao se confrontarem, abrem fendas no corpo e na cabeça. É também o tempo do mito que encontra a realidade; o outrora que encontra o atual; o sonho que encontra o encarnado. A cena acontece nos dias de hoje, mas poderia muito bem ter ocorrido há mil anos.”
Sobre a autora
Nastassja Martin nasceu em Grenoble, na França, em 1986. Estudou antropologia na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, onde se doutorou em 2014, sob a orientação de Philippe Descola, com uma tese sobre os gwich’in do Alasca. Publicada sob o título de Les âmes sauvages (Paris, La Découverte, 2016), a tese recebeu o prêmio Louis Castex da Académie Française. Seu livro seguinte, Escute as feras, publicado originalmente sob o título de Croire aux fauves (Paris, Gallimard, 2019), revisita experiências de 2015, quando Martin realizava pesquisas de campo junto aos even da península de Kamtchátka, na Sibéria. O livro recebeu o prêmio François Sommer de 2020 por sua contribuição à reflexão sobre as relações entre o homem e a natureza. Nastassja Martin é membro do Laboratório de Antropologia Social e desde 2020 participa de um comitê contra a degradação turística em La Grave e no maciço dos Écrins, nos Alpes franceses.
Sobre os tradutores
Nascida em São Paulo, em 1982, Camila Vargas Boldrini é editora, tradutora e ambientalista. Formada em história e jornalismo, especializou-se em questões de colapso socioambiental no Museu de História Natural de Paris. Atualmente, dedica parte de seu tempo à restauração de uma parcela de solo na serra da Mantiqueira.
Daniel Lühmann nasceu em Poços de Caldas, MG, em 1987. Formou-se em Letras em São Paulo pela FFLCH-USP e fez mestrado em estudos coreográficos em Montpellier, na França (Université Paul Valéry/ICI-CCN). Como tradutor, já assinou versões de autores como Monique Wittig, Claude Cahun, George Orwell, Nastassja Martin e Paul B. Preciado, entre outros.
Veja também
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