O rumor do tempo
e Viagem à Armênia
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Óssip Mandelstam
Ensaio de Seamus Heaney
200 p. - 14 x 21 cm
ISBN 978-85-7326-725-9
2019
- 2ª edição
Óssip Mandelstam (1891-1938) é o autor de uma das mais importantes obras poéticas do século XX, admirada por nomes como Joseph Brodsky e Paul Celan. Na Rússia e no Ocidente, gerações de leitores viram na poesia e no destino trágico de Mandelstam um testemunho dos tempos hostis que o poeta chamou de "século-animal".
Mas também a sua prosa é capaz de conjurar toda uma era da história russa. Em O rumor do tempo (1925), Mandelstam mescla as suas memórias de juventude ao ambiente artístico e cultural da São Petersburgo das décadas de 1900 e 1910. Aqui o estilo alterna entre o lírico e o polêmico, e o olhar do jovem arrebatado pela revolução de 1905 é contraposto à ironia do intelectual em conflito com a burocracia soviética. Em Viagem à Armênia (1933), desafiando o encargo que recebeu para escrever um relatório sobre a jovem república soviética, o experimento com diferentes gêneros e vozes é levado ainda mais longe, em associações de puro lirismo; não por acaso, é a partir deste texto que Mandelstam quebra o silêncio poético que o acometeu por anos.
Nesta nova edição de dois marcos da prosa memorialística russa, a bela tradução de Paulo Bezerra, agora revista e com novas notas, vem acompanhada de um ensaio, inédito no Brasil, do poeta irlandês Seamus Heaney, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1995.
Sobre o autor
Óssip Emílievitch Mandelstam nasceu em 1891, em Varsóvia (então parte do Império Russo), numa família judia. Ainda na infância muda-se para São Petersburgo, e entre 1900 e 1907 estuda na prestigiosa Escola Tênichev. Estuda literatura em Heidelberg, na Alemanha, e cursa filosofia na Universidade de São Petersburgo, sem se graduar. Em 1911 Mandelstam se aproxima da Guilda dos Poetas, grupo que publica o livro de estreia de Anna Akhmátova e que daria origem ao movimento acmeísta. Em 1913 publica Pedra, seu primeiro livro de poemas, e o ensaio "O amanhecer do acmeísmo". Em 1922 lança Tristia, reconhecido como um dos grandes livros da poesia russa, e casa-se com Nadiéjda Kházina, que veio a ser a maior divulgadora de sua obra no Ocidente. Em 1925 publica O rumor do tempo, de prosa memorialística, relançado em 1928 junto com o relato de viagem Teodósia e a novela A marca egípcia. Nesse mesmo ano, publica uma reunião de toda a sua poesia, Poemas, e um livro de ensaios, Sobre a poesia, e começa a escrever Quarta prosa, mescla de ficção e memorialismo que permaneceu inédita. Encarregado pelo governo de escrever um relatório oficial, publica em 1933 Viagem à Armênia, um texto livre, literário, logo atacado pela crítica alinhada ao Partido. Nesse mesmo ano escreve o ensaio "Conversa sobre Dante" e, numa reunião de amigos, lê um epigrama satirizando Stálin, motivo pelo qual foi preso e depois banido de Petersburgo. Sua produção dos anos 1930, hoje considerada um dos pontos altos da poesia do século XX, só foi publicada postumamente, sob os títulos Cadernos de Moscou (1930-34) e Cadernos de Vorônej (1935-37), cidade onde o autor se exilou com a mulher. Em maio de 1938 Mandelstam foi preso novamente e sentenciado a cinco anos de trabalhos forçados. Morreu em dezembro do mesmo ano, numa estação de trânsito nos arredores de Vladivostok, a caminho de um gulag na Sibéria Oriental.
Sobre o tradutor
Paulo Bezerra estudou língua e literatura russa na Universidade Lomonóssov, em Moscou, e foi professor de teoria da literatura na UERJ e de língua e literatura russa na USP. Livre-docente em Letras, leciona atualmente na Universidade Federal Fluminense. Já verteu diretamente do russo mais de quarenta obras nos campos da filosofia, psicologia, teoria literária e ficção, destacando-se suas traduções de Crime e castigo, O idiota, Os demônios, O adolescente e Os irmãos Karamázov, de Dostoiévski. Em 2012 recebeu do governo da Rússia a Medalha Púchkin, por sua contribuição na divulgação da cultura russa no exterior.
Veja também
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