Nikolai Gógol
Posfácio de Donald Fanger
432 p. - 16 x 23 cm
ISBN 978-85-7326-699-3
2018
- (2ª edição - 2019)
Edição conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Almas mortas, publicado pela primeira vez em 1842, é o livro precursor do romance clássico russo e a grande obra-prima de Nikolai Gógol (1809-1852).
A narrativa traz a história de um especulador de São Petersburgo que chega a uma cidade de província e procura conquistar, com suas boas maneiras, a simpatia da sociedade e dos senhores de terras locais. Seu objetivo: comprar "almas mortas", ou seja, servos já falecidos, mas que ainda não haviam sido declarados como tal no último censo. É em torno desse tema - que lhe teria sido sugerido por Púchkin - que Gógol tece um dos retratos mais certeiros, a um só tempo satírico e afetuoso, do povo russo. Destaca-se na obra a voz do narrador, alter ego do autor, que imediatamente nos cativa pela imaginação e irreverência de suas descrições e observações. Mesmo que pareçam escapar ao fio da meada e ao bom senso, elas acabam compondo um quadro extremamente perspicaz de um país que ainda buscava sua identidade e os caminhos para se modernizar.
Esta nova tradução, realizada por Rubens Figueiredo, tem por base a mais recente edição crítica russa, e é acompanhada de quatro textos publicados em 1847, inéditos em português, em que Gógol comenta seu processo de criação e as reações causadas pelo romance. O volume inclui ainda os rascunhos que restaram da segunda parte de Almas mortas, além de um ensaio de Donald Fanger, professor emérito da Universidade de Harvard, que analisa em detalhe a prosa exuberante do genial autor russo.
Sobre o autor
Nikolai Vassílievitch Gógol nasceu em 1809 em Sorotchíntsi, na Ucrânia. Em 1829 muda-se para Petersburgo, onde publica os poemas "Itália" e Hanz Küchelgarten, de caráter romântico. Em 1830 frequenta a Academia de Belas-Artes, dá aulas em um colégio para meninas e considera tornar-se ator. Com a ajuda de amigos consegue um cargo de professor na Universidade de São Petersburgo. Baseado em lembranças da Ucrânia, elabora os dois volumes de Serões numa granja perto de Dikanka, publicados em 1831 e 1832 e recebidos com entusiasmo pela crítica. Deixa a universidade e dedica-se integralmente à carreira de escritor, publicando em 1835 duas coletâneas de contos e novelas: Arabescos, que traz "Avenida Niévski", "Diário de um louco" e "O retrato"; e Mírgorod, que inclui "A briga dos dois Ivans" e o épico Tarás Bulba. Em algumas dessas obras já se dá a passagem dos temas rurais e folclóricos para os urbanos e fantásticos. No ano seguinte publica os contos "A carruagem" e "O nariz", além da comédia O inspetor geral, considerada um marco na história do teatro russo. Ainda em 1836 parte em viagem para o exterior, passando pela Suíça e França, e fixando residência em Roma. Se dedica então ao projeto de um ambicioso romance, Almas mortas, que seria publicado em 1842. No ano seguinte, em uma edição de suas obras completas, aparece pela primeira vez "O capote", um dos contos mais influentes da literatura russa. A última década de sua vida é marcada por crises de depressão e um ascetismo religioso exacerbado. Adoece constantemente, e em 1847 publica Trechos selecionados da correspondência com amigos, textos ensaísticos muito criticados por seu conservadorismo. Retoma então a redação da segunda parte de Almas mortas, iniciada ainda na década de 1840, mais queima todos os manuscritos em 1852, ano em que morre em Moscou.
Sobre o tradutor
Rubens Figueiredo nasceu em 1956. É professor de português aposentado da rede estadual do Rio de Janeiro, escritor e tradutor. Entre seus livros estão os romances Barco a seco (2001, Prêmio Jabuti), Passageiro do fim do dia (2010, Prêmio Portugal-Telecom e Prêmio São Paulo) e os livros de contos O livro dos lobos (1994-2008), As palavras secretas (1998, Prêmio Jabuti e Prêmio da Biblioteca Nacional) e Contos de Pedro (2006). Suas traduções incluem obras de Anton Tchekhov, Ivan Turguêniev, Ivan Gontcharóv, Maksim Górki, Lev Tolstói e Isaac Bábel, entre outros. Recebeu o prêmio da Biblioteca Nacional pela tradução de Ressurreição e os prêmios da Academia Brasileira de Letras e da APCA pela tradução de Guerra e paz, ambos de Tolstói.
Veja também
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