Fantina: cenas da escravidão
| |
Francisco Coelho Duarte Badaró
Chão Editora
192 p. - 15 x 21 cm
ISBN 978-65-80341-02-3
2019
- 1º edição
Em Fantina, de F. C. Duarte Badaró, Frederico, malandro e sensual, conquista a viúva dona Luzia por puro interesse. Depois do casamento, estabelece-se uma situação típica das fazendas escravistas do século XIX: senhor da casa, o aventureiro inescrupuloso quer também exercer seu direito de posse sexual sobre as escravas.
A figura desse malandro urbano, tocador de viola, adentra o universo da fazenda e - em meio a vívidas descrições de saraus regados a violão e modinhas na casa-grande, e de batuques de escravos nos terreiros - desencadeia o drama de Fantina, jovem e bela escrava de dona Luzia.
O romance Fantina, publicado pela primeira vez em 1881, não apenas retrata usos e costumes do passado. Diz muito sobre o Brasil atual, em que diversas questões civilizatórias colocadas pela luta contra a escravidão estão novamente em pauta, em pleno século XXI.
No posfácio a esta edição, o historiador Sidney Chalhoub (Harvard/Unicamp), analisa o papel fundamental que a literatura desempenhou no movimento abolicionista brasileiro. Compara Fantina a outros romances da época, como Escrava Isaura, Ursula e A cabana do pai Tomás, e mostra a naturalização do abuso sexual dos senhores sobre suas escravas, para o qual a lei não previa nenhuma punição. Afirma Chalhoub: "Então e agora, mentes e corpos de mulheres negras movem estruturas e despertam reações contrárias violentas. Ao mesmo tempo, exigem de todos nós a ousadia de imaginar e realizar um outro futuro em liberdade".
Sobre o autor
Francisco Coelho Duarte Badaró, que assinava F. C. Duarte Badaró, nasceu em 1860 em Piranga (MG). Formou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo, e depois fez carreira como advogado em Ouro Preto. Foi eleito deputado federal constituinte em 1890, para o primeiro congresso republicano. Escreveu Fantina quando ainda estudante de direito.
Veja também
|