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Ensaios seletos

 

Virginia Woolf

Tradução de Leonardo Fróes

336 p. - 16 x 23 cm
ISBN 978-65-5525-175-3
2024 - 1ª edição

Umas das maiores ficcionistas do século XX, Virginia Woolf foi também ensaísta prolífica e inovadora, tendo escrito profissionalmente resenhas e artigos para periódicos, como o Times Literary Supplement, durante toda sua vida. Tal como na prosa de ficção, também nos ensaios ela ultrapassa os limites dos gêneros literários, propondo uma forma de pensar e de escrever mais aberta e menos categórica, que não se conformava aos padrões vigentes, de tradição fortemente masculina: “um livro de mulher não é escrito como seria se o autor fosse homem”.

Os ensaios reunidos neste volume — com seleção, tradução, apresentação e notas de Leonardo Fróes — foram escritos entre 1905 a 1940 e cobrem os principais temas de sua vasta produção, com destaque para os ensaios literários e os biográficos, ambos majoritariamente dedicados a figuras femininas, como Jane Austen, as irmãs Brontë, Christina Rossetti e Mary Wollstonecraft, cujas vidas e obras Virginia resgata e homenageia.

No âmbito da teoria, “Ficção moderna”, “Carta a um jovem poeta” ou “Poesia, ficção e o futuro” revelam uma escritora com enorme integridade crítica e capacidade analítica. “Mulheres e ficção”, de 1929 (protótipo do famoso ensaio Um quarto todo seu), permanece até hoje um estudo inspirador sobre as condições materiais e simbólicas da literatura escrita por mulheres. Já em “A morte da mariposa”, Virginia Woolf conjuga reflexão filosófica e alta carga dramática ao tratar de um acontecimento tão singelo quanto a morte de um inseto.

No conjunto, estes Ensaios seletos franqueiam ao leitor o acesso a uma das mentes mais brilhantes da história da literatura, em textos de uma lucidez e atualidade impressionantes.


Texto orelha

A ênfase na obra de ficção de Virginia Woolf (1882-1941) tende a ofuscar a relevância de seus ensaios e, mais que isso, do seu pensamento. Durante as duas primeiras décadas da sua carreira, entre 1904 e 1922, Woolf dedicou-se principalmente à escrita de resenhas e artigos para periódicos. Foi então que escreveu a maior parte dos seus mais de quinhentos textos ensaísticos, gênero ao qual se dedicaria em maior ou menor grau ao longo de toda a vida. Apenas em anos recentes, contudo, a crítica passou a enxergar em seus ensaios não apenas a beleza de sua prosa, mas o alcance de sua reflexão sobre temas tão variados quanto história, literatura, artes, biografia, política e, claro, feminismo.


Talvez a longa tendência a considerar esses ensaios como bolhas de sabão — belos e iridescentes, mas vazios (para usar a metáfora de Vita Sackville-West ao criticar o enviesamento da crítica sobre a obra ensaística da amiga) — estivesse ligada à disposição de Virginia de escrever como outsider: alguém marginal às instituições da cultura logocêntrica patriarcal. Para ela, o ensaio busca não as conclusões taxativas comuns ao gênero, mas sim estimular o pensamento a vagar por possibilidades múltiplas e, às vezes, enxergar as coisas por ângulos contraditórios. Possui uma perspectiva humanizadora, portanto, pois convida o leitor não especializado a se desvencilhar das ideias prontas, dando-lhe ferramentas para refletir por si mesmo e elaborar suas próprias opiniões.


Esse interesse fundamental pela conversa entre autor e leitor torna Virginia Woolf, de certo modo, uma pioneira dos estudos da recepção do texto literário, alguém ciente de que a forma como um texto é lida se altera a cada geração. Como em todos os seus demais escritos, Woolf também desafia as fronteiras entre os gêneros literários nos ensaios, dotando-os de um tom narrativo e criando cenas e personagens. Escrevia-os de modo propositadamente acessível para irmanar-se com o leitor comum, o que lhes rendeu um público bem maior que o de seus romances entre os anos 1920 e 1940.


A presente seleção, feita e traduzida por Leonardo Fróes, enfatiza a flexibilidade temática da autora e traz textos escritos em diferentes momentos de sua carreira. Ao lado de diversos ensaios emblemáticos, como “Ficção moderna”, temos outros biográficos, como “Jane Austen”, alguns de cunho experimental, caso de “Batendo pernas nas ruas: uma aventura em Londres”, e, por fim, feministas, como “Mary Wollstonecraft”. A seleção evidencia, ainda, como ela buscava adequar a forma do ensaio ao seu conteúdo, e não o contrário — algo inovador em sua época e explorado também por autores como Adorno ou Lukács.


Há aí um ponto importante. Por longo tempo Virginia Woolf foi criticada justamente pelas características que hoje lhe rendem elogios e a tornam tão atual: sua soltura e aparente descontinuidade, bem como o tom especulativo. Tal opção estilística, contudo, constituiu em sua época um desafio ao academicismo e uma espécie de subversão. Ao ir contra os modelos consolidados do gênero, Virginia propôs outra maneira de escrever não ficção — uma maneira feminina, que apesar de conversacional e avessa à linearidade, não perde nada em densidade (ao contrário), ajudando a abrir caminhos para as vozes de outras outsiders num gênero literário, até então, dominado pelas verdades categóricas.


Ana Carolina Mesquita



Sobre a autora
Adeline Virginia Stephen nasceu em 1882, em Londres. Foi educada em casa, numa época em que a formação universitária era vedada às mulheres. Em aulas particulares, estudou latim com Clara Pater e grego com Janet Case, línguas nas quais se iniciara em cursos livres no King’s College. Com a morte dos pais, Virginia e seus irmãos mudaram-se para Bloomsbury, área central de Londres onde viria a se constituir o famoso grupo composto por eruditos, escritores e artistas renovadores. Em 1905 Virginia estreou como resenhista do Times Literary Supplement, função que exerceu por toda a vida. Em 1912, ao se casar com Leonard Woolf, do grupo de Bloomsbury, Virginia passou a usar o sobrenome do marido, com o qual assinou seu primeiro romance, The Voyage Out (1915), seguido por Noite e dia (1919), O quarto de Jacob (1922), Mrs. Dalloway (1925), Rumo ao farol (1927), Orlando, uma biografia (1928) e As ondas (1931), além do livro de contos Monday or Tuesday (1921). Em 1917 criou com Leonard a Hogarth Press, editora que publicou, além da própria Virginia, outros autores modernistas, como T. S. Eliot, Katherine Mansfield e W. H. Auden. Afetada pela brutalidade da Segunda Guerra Mundial, pelos bombardeios em Londres e por seguidas crises nervosas, em 1941, um mês depois de concluir seu último romance, Between the Acts, Virginia Woolf se afogou no rio Ouse, próximo à sua casa de campo em Sussex.


Sobre o tradutor
Leonardo Fróes nasceu em 1941 em Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro, e se criou na capital. Viveu os anos de aprendizagem em Nova York e na Europa, e mora em Petrópolis desde o começo da década de 1970. Foi editor, jornalista, enciclopedista. Traduziu dezenas de livros do inglês, francês e alemão, de autores como Shelley, Goethe, Swift, Choisy, Faulkner, Virginia Woolf, George Eliot e Malcolm Lowry, e teve sua obra poética publicada no volume Poesia reunida (1968-2021). Recebeu o Prêmio Jabuti de Poesia, em 1996, por Argumentos invisíveis, venceu os prêmios de tradução da Fundação Biblioteca Nacional, em 1998, e da Academia Brasileira de Letras, em 2008, além de ter recebido o Prêmio Alceu Amoroso Lima — Poesia e Liberdade, em 2016.


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