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Poesia

 

François Villon

Tradução de Sebastião Uchoa Leite
Edição bilíngue

Ensaio de Leo Spitzer


496 p. - 15 x 22,5 cm
ISBN 978-65-5525-259-0
2025 - 1ª edição

A poesia de François Villon não cessa de intrigar seus leitores desde que começou a circular, durante a breve e vertiginosa vida de seu autor, na Paris do século XV. Seus versos refinadíssimos são ao mesmo tempo dotados de imenso vigor vernacular, sem medo da gíria e do baixo calão. Neles, a sapiência antiga, adquirida na Sorbonne, mistura-se à vida dos estudantes no Quartier Latin ao redor, com toda a sua arruaça e toda a sua penúria. Em cada uma de suas baladas — forma poética em que Villon deixou marca indelével —, o giro nobre do ritmo não esconde, antes ressalta, a urgência das questões que dirige a seus leitores futuros: que sentido pode ter uma vida que o tempo há de tragar, qual o valor deste mundo que há de se desfazer como as neves do ano passado, e quem afinal sou eu, François Villon, que conheço tanta coisa, mas não conheço a mim mesmo? Essa peculiar síntese de contradições valeu ao poeta uma fama não apenas constante, mas crescente. Sua obra, agora reeditada em uma já clássica tradução para o português, faz jus à fama.


Texto orelha

Autêntica estrela solitária, François Villon atravessou seis séculos sem perder nada do brilho e do fascínio que exerceu desde que surgiu na Paris do século XV. Poeta de raízes medievais, escrevendo numa língua que, para os franceses de hoje, poderia soar tão distante quanto o português de Gil Vicente para nós, Villon faz pouco caso do tempo e fala ao leitor contemporâneo com vigor e urgência. Podemos saber mais ou menos sobre as formas poéticas que praticou, podemos decifrar mais ou menos rapidamente as múltiplas alusões à Antiguidade clássica e à cultura medieval — seja como for, não temos como nos furtar à beleza da “Balada das damas do tempo ido”, à alegria da “Balada das mulheres de Paris” ou ao enigma que preside às estrofes da “Balada das coisas sem importância”:

Conheço no hábito o monge,

Conheço o patrão no valete,

Conheço pelos véus a monja,

Conheço o engano na lisonja,

Conheço o louco solto a esmo,

Conheço o vinho bom de longe,

Conheço bem, fora a mim mesmo.

Essa força vernácula e poética garantiu a Villon a audiência atenta de inúmeros poetas modernos. No século XIX, foi convertido em figura tutelar pelos “malditos”: Nerval, Rimbaud, Verlaine, Schwob. No XX, as vanguardas o revisitaram, a fim de perturbar as águas da história da literatura francesa, exaltando um nome anterior e estranho ao cânone clássico e romântico: foi a vez de Apollinaire, Pound, Cendrars, sucedidos por um quarteto tão heterogêneo quanto Valéry, Céline, Queneau e Michon.


No Brasil, o grande leitor de Villon nessa chave moderno-vanguardista foi, sem dúvida, o poeta pernambucano Sebastião Uchoa Leite. Em diálogo constante com os poetas concretistas e com seu ideal de “transcriação” vernácula dos nomes decisivos do paideuma de Pound, Uchoa Leite lançou-se à tradução integral da obra poética de Villon em francês (deixando de fora os poemas escritos em gíria, em argot). O resultado, formidável, veio à luz em 1987-88, pela editora Guanabara: não bastasse a proeza de traduzir Villon com rigor e felicidade, Uchoa Leite assinou um ensaio erudito, sem par em língua portuguesa. O livro foi relançado pela Edusp em 2000 e chega agora à terceira edição na coleção Fábula, que já reeditara as belíssimas versões que Uchoa Leite fizera de Lewis Carroll (Alice no País das Maravilhas e Através do espelho e o que Alice encontrou lá) e de Christian Morgenstern (Jogo da forca).


Esta edição bilíngue retoma o texto em português das edições anteriores, corrige o texto francês à luz da recente e lapidar edição da Bibliothèque de la Pléiade, e inclui um ensaio magistral, “Estudo a-histórico de um texto: a ‘Balada das damas do tempo ido’”, em que o grande Leo Spitzer alterna entre filologia e close reading para sublinhar a beleza do poema de Villon.


Sobre o autor

François de Montcorbier (ou des Loges) nasceu em Paris, em 1431. Órfão de pai, foi confiado pela mãe aos cuidados do cônego Guillaume de Villon, de quem adotaria o sobrenome. Contemporânea de grandes acontecimentos históricos (a morte de Joana d’Arc, a invenção da imprensa por Gutenberg, a Guerra dos Cem Anos ou a tomada de Constantinopla pelos turcos), sua biografia é parca de datas. Entre 1443 e 1452, frequentou a faculdade de Letras da Universidade de Paris, onde obteve os títulos de bacharel, licenciado e mestre — e onde, presumivelmente, começou a escrever poemas. A par dos estudos, entregou-se a fundo à vida boêmia e mesmo marginal: participou de distúrbios estudantis em 1452; matou um padre durante uma rixa de rua em 1455; participou de um furto vultoso em 1456; foi preso pelo menos duas vezes, e em outras duas ocasiões teve que se exilar de Paris. Condenado à morte em 1462, obteve em 1463 que a pena fosse comutada em banimento da capital — última ocasião em que se tem notícia de Villon. Suas duas grandes obras, O legado e O testamento, teriam sido compostas em 1456 e 1461, mas a primeira edição de seus poemas só se deu em 1489.



Sobre o tradutor

Sebastião Uchoa Leite nasceu em Timbaúba, Pernambuco, em 1935. Estudou Direito e Filosofia em Recife, onde começou a tomar parte na vida literária: seu primeiro livro de poemas, Dez sonetos sem matéria, foi publicado por O Gráfico Amador, de Aloysio Magalhães, em 1960. Mudou-se em 1965 para o Rio de Janeiro, onde trabalhou em diversas lides editoriais — entre as quais a revista de poesia José, que circulou entre 1976 e 1978. Reuniu sua poesia em livros como Signos/Gnosis (1970), Antilogia (1979), Obra em dobras (1988), A uma incógnita (1991), A ficção vida (1993), A espreita (2000) e A regra secreta (2002). Ensaísta de interesses muito variados — da poesia aos quadrinhos, do cinema à filosofia —, publicou quatro volumes de textos críticos: Participação da palavra poética (1966), Crítica clandestina (1986), Jogos e enganos (1995) e Crítica de ouvido (2003). Tradutor de autores como Stendhal, Octavio Paz, Julio Cortázar e Christian Morgenstern, assinou dois monumentos da tradução literária no Brasil: Aventuras de Alice no país das maravilhas & Através do espelho e o que Alice encontrou lá (Summus, 1977) e a Poesia de François Villon (Guanabara, 1988), ambos agora no catálogo da coleção Fábula. Sebastião Uchoa Leite faleceu no Rio de Janeiro em 2003.



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