Fabio Weintraub
72 p. - 12 x 18 cm
ISBN 978-85-7326-388-6
2007
Em Baque, Weintraub radicaliza a poética de seu livro anterior, Novo endereço (2002), abrindo mão de nomear sua paisagem íntima para dar voz a uma outra intimidade: a de prostitutas, motoboys, doentes, ex-modelos, mendigos, idosos, entre outros seres que vagam entregues à própria sorte. Por meio de uma escolha muito precisa de imagens, ritmos, dicções, estes versos cristalizam - no melhor sentido da palavra - a experiência do espaço social degradado de uma grande metrópole.
Nesse sentido, "Fotografia" parece ser um poema emblemático do livro: "De cócoras/ como quem ora/ ou pragueja/ sob a marquise/ a mulher// Oculta/ pelos caixotes/ embriagada/ entre sobras de repolho// Pela calçada em declive/ cachorros lambem o chorume// Penso na foto/ franzindo a testa// solidário/ imprestável". Pois é exatamente dessa "inútil" solidariedade que parecem nascer os versos de Weintraub, em cuja linguagem límpida e exata o grotesco aflora - veja-se o assombroso "Transplante" - como expressão contemporânea da subjetividade.
Sobre o autor
Fabio Weintraub nasceu em São Paulo, SP, em 1967. É autor dos livros de poemas Sistema de erros (Arte Pau-Brasil, 1996), Novo endereço (Nankin/ Funalfa, 2002) e Baque (Editora 34, 2007). Psicólogo e doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, realizou pesquisa sobre representações do espaço urbano na poesia brasileira pós-1990. Por Novo endereço recebeu os prêmios Cidade de Juiz de Fora, em 2001, e Casa de las Américas, em 2003, o que lhe rendeu uma segunda edição bilíngue, em espanhol e português (Nueva dirección/ Novo endereço, Nankin/ Funalfa/ Casa de las Américas, Havana, 2004), com tradução de Lourdes Arencibia Rodríguez. Seu livro Baque também foi publicado em Portugal, em 2012, pela editora Língua Morta. Além dos livros lançados em Cuba e Portugal, teve poemas publicados no México e nos Estados Unidos. Coordenou para a Nankin Editorial a coleção de poesia brasileira "Janela do Caos" e participou por mais de uma década do grupo Cálamo, núcleo de pesquisa e criação poética ligado à Casa Mário de Andrade.
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