Vladímir Maiakóvski
200 p. - 14 x 21 cm
ISBN 978-85-7326-508-8
2012
- 1ª edição
Figura maior da literatura de vanguarda, para quem a arte e a política deviam andar sempre juntas, Vladímir Maiakóvski (1893-1930) tornou-se conhecido em nosso país sobretudo por sua obra de poeta, graças, em grande parte, à pioneira tradução de seus versos feita em 1967 por Boris Schnaiderman e os irmãos Augusto e Haroldo de Campos.
Mas a genialidade de Maiakóvski ultrapassa o campo da poesia e se manifesta também no teatro. Um dos exemplos mais célebres é a peça Mistério-bufo, escrita e montada inicialmente em 1918. Retrabalhada ao longo de dois anos - e aqui apresentada, pela primeira vez no Brasil, em tradução direta do russo por Arlete Cavaliere, da Universidade de São Paulo -, a segunda versão da peça estreou no primeiro de maio de 1921, obtendo aclamação imediata.
Mistura de comédia, crítica social e crônica paródica da história contemporânea, Mistério-bufo pode ser lida, entre outras coisas, como uma narrativa alegórica do processo revolucionário na Rússia. Combinando alusões à Bíblia com cenas e rimas das mais inusitadas - marcas de oralidade que ele resgata do teatro de feira e do circo -, Maiakóvski traça um retrato vertiginoso e bem-humorado de um tempo que se propôs a reinventar radicalmente a vida.
Sobre o autor
Vladímir Maiakóvski nasceu em 1893 em Bagdádi, na Geórgia. Aos quinze anos inicia sua militância política junto aos bolcheviques, sofrendo repetidas prisões. Em 1911 ingressa na Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura de Moscou, onde trava amizade com David Burliúk, com quem fundaria o movimento futurista russo. Em 1915 escreve os poemas Nuvem de calças e Flauta de vértebras, este dedicado a Lília Brik. Após a Revolução de Outubro, adere com entusiasmo ao novo regime, colaborando com a propaganda estatal, sobretudo na elaboração de cartazes, e escreve a peça Mistério-bufo (1918). Entre 1922 e 1923, dirige a revista LEF, pautada pela intenção expressa de aliar arte revolucionária e luta pela transformação social. Realiza viagens pela Rússia e pelo exterior, e compõe, entre outros, o poema Sobre isto (1923) e a peça O percevejo (1929). Suas posições vanguardistas, no entanto, sofrem progressivos ataques, e é acusado de fazer arte "incompreensível para as massas". Em 1930, alguns meses após lançar o poema A plenos pulmões, comete suicídio.
Sobre a tradutora
Arlete Cavaliere é professora titular de Teatro, Arte e Cultura Russa no Departamento de Letras Orientais da FFLCH-USP. Com colegas da universidade organizou a revista Caderno de Literatura e Cultura Russa (2004 e 2008) e os livros Tipologia do simbolismo nas culturas russa e ocidental (Humanitas, 2005) e Teatro russo: literatura e espetáculo (Humanitas, 2011). É autora de O inspetor geral de Gógol/Meyerhold: um espetáculo síntese (Perspectiva, 1996) e Teatro russo: percurso para um estudo da paródia e do grotesco (Humanitas, 2009). Publicou diversas traduções de autores russos, como Gógol, Tchekhov, Maiakóvski e Vladímir Sorókin, além de escrever, para a Editora 34, o texto de apresentação dos Clássicos do conto russo (2015) e organizar a Antologia do humor russo (2018).
Veja também
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