O processo do tenente Ieláguin
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Ivan Búnin
88 p. - 14 x 21 cm
ISBN 978-85-7326-644-3
2016
- 1ª edição
Edição conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
No verão de 1890, os lances trágicos do caso de amor entre a atriz polonesa Maria Wisnowska e o jovem militar russo Aleksandr Bartenev, que resultaram em um assassinato - e as insólitas revelações que surgiram durante o processo judicial subsequente -, chocaram a Rússia. Os contornos do affair eram tão misteriosos, "tão complexos e absurdos", como observou Tchekhov, "que só o próprio Dostoiévski poderia se mover à vontade naquele labirinto".
Mais de três décadas depois, quem tomou essa paixão fatal como ponto de partida para construir uma obra-prima da narrativa moderna foi Ivan Búnin (1870-1953), um dos maiores estilistas da língua russa, representante expressivo da chamada "literatura de emigração", e que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1933.
Escrito em 1925, O processo do tenente Ieláguin impressiona pela intensidade com que seu autor articula as vozes presentes no julgamento do protagonista para compor uma narrativa excepcional, formada por múltiplas camadas, nas quais verdade e ilusão se alternam em ritmo arrebatador. Com um pé na grande tradição do realismo russo e outro nos experimentos da modernidade, Búnin se distingue por uma prosa sensível, de alta voltagem poética, que a bela tradução de Boris Schnaiderman recriou com fluência e precisão para o leitor brasileiro.
Sobre o autor
Ivan Alekséievitch Búnin nasceu em 1870, em Vorônej, na Rússia, numa família nobre. Começou a escrever muito cedo, e aos 19 anos de idade empregou-se na redação do jornal O Mensageiro de Oriol, publicando em 1891 sua primeira coletânea de poemas. Na virada do século, Búnin começou a adquirir fama literária na Rússia como poeta e tradutor, sendo um grande expoente do verso clássico, passando ao largo das correntes modernistas da época. Em 1920, discordando dos rumos da Revolução de 1917, Búnin fixou residência em Paris, tornando-se uma das principais vozes da comunidade de russos emigrados. Em 1933 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, o primeiro a ser entregue a um escritor russo. Sua extensa obra é composta principalmente por poemas e textos ficcionais como as novelas A aldeia (1910), O amor de Mítia (1925) e O processo do tenente Ieláguin (1926), o romance de tintas autobiográficas A vida de Arsêniev (1930), e os contos "Um senhor de São Francisco" (1915) e "Respiração suave" (1916). Ivan Búnin faleceu em 8 de novembro de 1953, em Paris.
Sobre o tradutor
Boris Schnaiderman, considerado um dos maiores intelectuais e tradutores do russo em nosso país, nasceu em Úman, na Ucrânia, em 1917. Em 1925, aos oito anos de idade, veio com os pais para o Brasil, formando-se depois na Escola Nacional de Agronomia do Rio de Janeiro. Naturalizou-se brasileiro nos anos 1940, tendo se alistado para lutar na Segunda Guerra Mundial como sargento da FEB. Começou a fazer traduções de autores russos em 1944 e a colaborar na imprensa brasileira a partir de 1957, tendo publicado desde então diversos livros sobre cultura e literatura, além de versões para obras de Púchkin, Dostoiévski, Tolstói, Tchekhov, Górki, Maiakóvski e outros. Mesmo sem ter estudado formalmente Letras, foi escolhido para iniciar o curso de Língua e Literatura Russa da Universidade de São Paulo em 1960, instituição onde permaneceu até sua aposentadoria, em 1979, e pela qual recebeu o título de Professor Emérito em 2001. Ganhou em 2003 o Prêmio de Tradução da Academia Brasileira de Letras, e em 2007 foi agraciado pelo governo da Rússia com a Medalha Púchkin, em reconhecimento por sua contribuição na divulgação da cultura russa no exterior. Faleceu em São Paulo em 2016, aos 99 anos de idade.
Veja também
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