144 p. - 14 x 21 cm
ISBN 978-85-7326-692-4
Para Jacques Rancière, a política não é uma atividade rotineira, tampouco uma prática corrente nos sistemas consensuais que caracterizam boa parte das sociedades contemporâneas. A política é rara, e só acontece verdadeiramente nos momentos em que uma "parte dos que não têm parte" rompe a lógica supostamente natural da dominação e "faz ouvir como discurso o que antes só era ouvido como ruído".
Publicado na França em 1995, O desentendimento é uma das obras mais importantes deste que é reconhecido como um dos grandes pensadores da atualidade. Partindo das definições do político em Platão e Aristóteles, reinterpretando as revoltas dos escravos na Antiguidade, distinguindo as noções de polícia e política, e analisando as implicações do ato de falar que estão na base das disputas sociais, o livro desemboca numa crítica aguda às pós-democracias midiáticas, nas quais o "povo" é apresentado sob a forma reduzida da estatística e da sondagem de opiniões. Contra esse estado de coisas, seu autor propõe o entendimento da comunidade política como "comunidade de litígio".
Obra de atualidade impressionante, ocupando um lugar seminal na trajetória de Rancière, O desentendimento tem agora nova edição no Brasil, inteiramente revista e anotada.
Jacques Rancière, considerado um dos maiores intelectuais franceses da atualidade, nasceu em Argel, em 1940, e é professor emérito de Estética e Política da Universidade de Paris VIII/Vincennes-Saint-Denis, onde lecionou de 1969 a 2000. Entre seus livros destacam-se A lição de Althusser (1975), A noite dos proletários (1981), O mestre ignorante (1987), Os nomes da história (1992), O desentendimento (1995), A partilha do sensível (2000), O inconsciente estético (2001), Aisthesis: cenas do regime estético da arte (2011) e As margens da ficção (2017).