Jacques Rancière
176 p. - 14 x 21 cm
ISBN 978-65-5525-060-2
2021
- 1ª edição
Edição conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Se, na idade moderna, a sociologia, a ciência política e outras formas de conhecimento tomaram para si a razão ficcional aristotélica, produzindo narrativas com começo, meio e fim, invertendo ao final as expectativas, a ficção moderna trilhou o caminho contrário e instaurou no centro da literatura aquilo que sempre esteve nas suas beiradas — os acontecimentos triviais, os seres humanos comuns e o momento qualquer que pode condensar uma vida inteira.
Em As margens da ficção, Jacques Rancière acompanha esse processo revolucionário inicialmente nas obras de Stendhal, Balzac, Flaubert, Proust e Rilke. Num segundo momento, aproxima a razão investigativa de Marx, no ensaio “Os segredos da mercadoria”, dos procedimentos dedutivos colocados em prática no romance policial fundado por Poe.
Uma atenção especial merecem os romances de Conrad, Sebald, Faulkner e Virginia Woolf — além das Primeiras estórias, de Guimarães Rosa — que, apagando as fronteiras entre realidade e ficção, conduzem a investigação a um outro nível de complexidade. Aqui a ficção pode anular-se, mas também realizar aquilo que, na contemporaneidade, talvez seja a mais profunda razão de ser da literatura — inventar novas formas de coexistência num mundo sensível comum, fora do “tempo da destruição”.
Sobre o autor
Jacques Rancière, considerado um dos maiores intelectuais franceses da atualidade, nasceu em Argel, em 1940, e é professor emérito de Estética e Política da Universidade de Paris VIII/Vincennes-Saint-Denis, onde lecionou de 1969 a 2000. Entre seus livros destacam-se A lição de Althusser (1975), A noite dos proletários (1981), O mestre ignorante (1987), Os nomes da história (1992), O desentendimento (1995), A partilha do sensível (2000), O inconsciente estético (2001), Aisthesis: cenas do regime estético da arte (2011) e As margens da ficção (2017).
Sobre o tradutor
Fernando Scheibe nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, em 1973. É doutor em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina e professor de língua francesa e literaturas de expressão francesa na Universidade Federal do Amazonas, onde desenvolve pesquisas na intersecção entre tradução, teorias críticas e filosofia política. Como tradutor, verteu, entre outros, os seguintes livros: Divagações (2010), de Stéphane Mallarmé; O erotismo (2013) e Sobre Nietzsche (2017), de Georges Bataille; O belo perigo e A grande estrangeira (2016), de Michel Foucault; e A filosofia crítica de Kant (2018), de Gilles Deleuze. É também revisor e editor da Cultura e Barbárie Editora, com sede em Santa Catarina.
Veja também
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