Stephen Spender
Projeto gráfico de Raul Loureiro
240 p. - 15 x 22,5 cm
ISBN 978-85-7326-747-1
2019
- 1a edição
Edição conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Concebido no calor da hora, O templo merece lugar entre os grandes livros do período entre as duas guerras mundiais do século XX. Neste romance largamente autobiográfico, que começou a tomar forma em 1929 mas só foi publicado apenas em 1988, cruzam-se a inquietação - erótica, literária, política - do jovem Stephen Spender e a singularidade de um momento histórico - a República de Weimar - em que uma inédita liberdade de costumes florescia à sombra do nazismo já rampante.
Crônica ficcional de um verão passado na Alemanha, em companhia dos amigos e escritores W. H. Auden e Christopher Isherwood, bem como do fotógrafo Herbert List, O templo começa como um romance de descoberta, de coming-out homossexual - ao mesmo tempo que retoma, em nova chave, a linhagem do romance de formação. Deixando a Inglaterra para trás, seu protagonista vive uma série de experiências que lhe abrem as portas, até então estritamente cerradas, do corpo e do prazer, longe da culpa e da censura. Mas, ao fio das páginas, a luz vai declinando, o ambiente ganha tons cada vez mais ameaçadores, e O templo converte-se num notável e precoce estudo da ascensão do nazismo, capturada aqui em sua mistura abjeta de delito e política, ressentimento íntimo e perseguição pública.
Sobre o autor
Sir Stephen Spender nasceu em Londres, em 1909. Após passar por várias instituições de ensino, ingressou na Universidade de Oxford, onde travou amizade com dois jovens escritores que mudariam o curso de sua vida: W. H. Auden e Christopher Isherwood. Ao longo da década de 1930, engajou-se em diversas frentes contra a ascensão do fascismo na Europa, cobrindo, por exemplo, a guerra civil na Espanha para o jornal Daily Worker. Ao mesmo tempo, cultivava uma vasta gama de amizades literárias, de T. S. Eliot a André Malraux e Ernest Hemingway, passando por artistas como Picasso e Henry Moore. Ainda durante a década de 1930, teve diversas ligações amorosas com homens e mulheres, em especial com Tony Hindman, Muriel Gardiner, Inez Pearn e Natasha Litvin (com quem se casou em 1941 e teve dois filhos). Durante a Segunda Guerra Mundial, permaneceu em Londres, trabalhando nas brigadas anti-incêndio. Após 1945, afirmou-se como um dos grandes poetas ingleses do século XX, trabalhando também como editor e publicando ensaios, contos, romances, traduções e reportagens. Tomando distância de suas primeiras simpatias comunistas, seguiu participando da vida pública em iniciativas contra a censura e a discriminação da homossexualidade. De 1970 a 1977, ensinou no University College London e, em 1983 recebeu da Coroa o título de cavaleiro. Em 1988, publicou a primeira edição de O templo, depois de rever a fundo o manuscrito original iniciado em 1929. Faleceu em Londres, em 1995.
Sobre o tradutor
Raul José de Sá Barbosa nasceu em Caxambu, MG, em 1922. Diplomou-se bacharel pela Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais em 1946. Decidiu-se então pela carreira diplomática, matriculando-se no Instituto Rio Branco, curso preparatório para o Itamaraty. Formou-se em 1949, e em 1951 recebeu sua primeira nomeação para o exterior: Ottawa, no Canadá, onde permaneceu até 1954, sendo transferido para Praga em junho daquele ano. Na capital tcheca, conheceu Benjamin Pesendorfer, alemão de nascimento, que seria seu companheiro por toda a vida. Após assumir o cargo de cônsul em Calcutá, na Índia, voltou ao Brasil em 1958. Instalado no Rio de Janeiro, vinculou-se ao Serviço de Documentação da Presidência da República, convivendo com Antônio Houaiss e Francisco de Assis Barbosa, e publicando com Houaiss e Donatello Grieco o volume Brasília: história de uma ideia, lançado em 1960. Transferido novamente para o exterior, passou por Hamburgo, na Alemanha, e fixou-se depois em Jacarta, na Indonésia, aguardando a promoção ao cargo de embaixador. Com a decretação do AI-5, em 13 de dezembro de 1968, a ditadura militar instaurou uma Comissão de Investigação Sumária para produzir uma lista de nomes a serem expulsos do Itamaraty. Em 1969, além de Raul de Sá Barbosa e Vinicius de Moraes, outros onze diplomatas foram cassados. De volta ao Brasil, para ganhar a vida, Raul abrigou-se na equipe da Enciclopédia Mirador, sob a direção de Houaiss, e passou a trabalhar como tradutor. A partir dos anos 1970 passou a publicar, pelas principais editoras brasileiras, traduções de autores como John Milton, H. G. Wells, Virginia Woolf, Saul Bellow e Simone Signoret. Em 2002 lançou o volume Antônio Torres: uma antologia, dedicado ao diplomata e jornalista mineiro. Trabalhando como tradutor até o fim, Raul de Sá Barbosa morreu em 2013.
Veja também
|