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Clássicos da literatura | Filosofia, estética e ciência
 

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Ética a Nicômaco

 

Aristóteles

Tradução de André Malta
Edição bilíngue

576 p. - 16 x 23 cm
ISBN 978-65-5525-200-2
2024 - 1ª edição

O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão e preceptor de Alexandre, o Grande, escreveu cerca de trinta tratados que chegaram até nós, abordando as mais diversas áreas, da poesia à biologia, da física à política, da lógica à metafísica, textos que se tornaram verdadeiros pilares do que conhecemos hoje como a ciência moderna.

Na estrita área da filosofia, a Ética a Nicômaco talvez seja o mais importante deles. Organizado em dez livros e dedicado provavelmente ao filho do autor, o tratado parte da ideia de que o objetivo último do ser humano é a felicidade, para em seguida analisar, no comportamento individual e nas relações interpessoais, os diferentes âmbitos da vida em que devemos agir de maneira virtuosa (isto é, equilibrada), distinguindo tais práticas de muitas outras não virtuosas em que costumamos incorrer, identificadas como excessivas ou insuficientes, e não guiadas pela razão.

A presente edição, bilíngue, traz a tradução da Ética aristotélica realizada por André Malta, professor livre-docente de língua e literatura grega da Universidade de São Paulo. Com fidelidade ao original e recuperando os detalhes de estilo do autor — muitas vezes seco e reiterativo, mas com momentos de beleza —, esta nova versão proporciona aos leitores um contato renovado, livre de paráfrases e adaptações, com esta obra fundante da cultura ocidental.


Texto orelha

A discussão a respeito de como balizar o comportamento humano talvez seja tão antiga quanto o próprio ser humano. E junto com ela a ideia de que, uma vez cultivado, esse comportamento há de produzir, mais do que um bem-estar temporário, uma felicidade pessoal duradoura. Afinal, parafraseando um fragmento de Heráclito, o caráter (êthos, em grego) é o poder que controla o destino de cada um de nós.


Nesta obra incontornável que é a Ética a Nicômaco, a mais extensa e influente que Aristóteles produziu no campo da moral — e contígua, para ele, ao estudo da política —, o filósofo mergulha em tais questões trabalhando com os dois tipos de virtude (ou “excelência”) que uma pessoa deve exercitar: as do caráter (ethikaí) e as do pensamento (dianoetikaí). Enquanto as virtudes do caráter, tais como a moderação e a calma, identificam-se com certos estados intermediários, que fogem dos sempre tentadores extremos (o excesso ou a falta), as do pensamento, especialmente a ponderação (phrónesis), associam-se ao emprego acertado da razão, que nos diferencia dos demais animais.


Esses dois planos não estão desconectados: na vida de fato feliz, o pensamento deverá necessariamente mostrar autoridade sobre o caráter, numa interação complexa entre as partes racional e irracional da nossa alma (ou da nossa “psique”, para quem preferir), cuja atividade oscila entre o sofrimento e o prazer. As diferentes medidas corretas — por exemplo, na ingestão de alimentos — não são tão simples assim de se atingir, porque não vêm predeterminadas, sendo relativas a cada indivíduo. A ética é mais prática do que teórica. O mesmo vale para outros âmbitos investigados, como a demonstração de coragem, o impulso sexual, a relação com o dinheiro e a vontade de prestígio.


Ao longo de tantas reflexões instigantes e iluminadoras, de interesse do antropólogo, do psicólogo, do teólogo, do cientista político, do jurista e até do economista, salta aos olhos o contraste entre essa “Doutrina do Meio-Termo” e a moralidade hoje vigente, pronta a nos instigar à busca por mais sucesso, mais bens, mais desejos satisfeitos. Sinal claro desse descompasso é o significado corrente que a palavra “mediocridade” passou a ter: derivada do latim mediocritas e correspondendo, na sua origem, à ideia grega de “média” ou “mediania”, ela indica atualmente uma “ausência de valor”. Afinal, quem está certo, nosso tempo ávido ou o grande filósofo do passado?


Para estimular essa e outras perguntas, nada melhor do que ter em mãos mais uma versão do tratado, feita diretamente do original. Esta tem o mérito de não abandonar soluções já consagradas em português para termos centrais da ética aristotélica e antiga, como “virtude” para areté e “vício” para kakía. Ao mesmo tempo, conforme vem explicado no posfácio do tradutor, ela aposta em algumas escolhas inovadoras, como traduzir bíos theoretikós (a existência apresentada como o ápice da felicidade) por “vida observadora”, e não “vida contemplativa”, e confere uma atenção especial aos andamentos característicos da prosa analítica de Aristóteles, que a despeito da dicção crua tem sim, para surpresa de muitos, seus momentos inspirados e de evidente elaboração textual.


O trabalho diligente de André Malta mostra que, por mais que uma tradução seja “apenas” uma tradução, os novos olhares propostos por cada novo tradutor podem iluminar determinados aspectos das obras originais que estavam adormecidos. E a Ética a Nicômaco, como todo grande clássico, pede que em pleno século XXI nós a observemos sob novos ângulos.



Sobre o autor

Aristóteles nasceu em Estagira, no domínio dos reis da Macedônia, em 384 a.C., filho de Nicômaco, médico da corte. Depois da morte do pai, em 367, viveu em Atenas, onde por vinte anos frequentou a Academia de Platão, dedicando-se ao estudo e talvez ao ensino de retórica. A morte do mestre, em 347, leva-o a deixar a cidade. A convite de Hérmias, tirano de Atarneus, na Ásia Menor, junta-se à pequena extensão da Academia que havia ali. Depois da tomada da cidade pelos persas e da morte do amigo, Aristóteles vai viver em Mitilene, na ilha de Lesbos, onde provavelmente desenvolveu grande parte de seus estudos em ciências naturais. Em 343 é nomeado preceptor de Alexandre, o Grande, cargo que exerce por sete anos. O vínculo entre a maior inteligência e o mais poderoso indivíduo da época parece ter trazido fama e condições materiais para que Aristóteles, de volta a Atenas, estabelecesse sua própria escola, o Liceu. Depois da morte de Alexandre, em 323, o sentimento antimacedônico disseminado levou Aristóteles para longe de Atenas. Retirou-se então para Cálcis, na ilha Eubeia, onde veio a falecer em 322 a.C. Foi autor de cerca de trinta tratados que chegaram até nós, sobre as mais variadas áreas do conhecimento, da poesia à biologia, da física à política, da lógica à metafísica.



Sobre o tradutor

André Malta é professor de Língua e Literatura Grega na USP, onde ingressou como docente em 2001, tendo obtido nesta instituição os títulos de mestre (1998), doutor (2003) e livre-docente (2013). Realizou ainda um pós-doutorado nos Estados Unidos, pela Brown University (2011-2012). É autor de uma tetralogia homérica formada pelos livros A selvagem perdição (Odysseus, 2006), Homero múltiplo (Edusp, 2012), A Musa difusa (Annablume, 2015) e A astúcia de Ninguém (Impressões de Minas, 2018). Como tradutor, verteu uma seleção de quatro cantos da Ilíada e oito da Odisseia reunidos em Homero portátil (Edusp, 2024), uma antologia das Fábulas de Esopo (Editora 34, 2017), e nove obras de Platão: Íon e Hípias Menor (L&PM, 2007); Eutífron, Apologia de Sócrates e Críton (L&PM, 2008); e Alcibíades Segundo, Teages, Dois Homens Apaixonados e Clitofonte, estes reunidos no volume Quatro diálogos (Editora 34, 2022). É o criador do canal no YouTube Isso Aqui Não É Grego.




Veja também
Poética
Quatro diálogos
Alcibíades Segundo, Teages, Dois Homens Apaixonados, Clitofonte
Fábulas
seguidas do Romance de Esopo

 


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